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El Niño chegaria muito tarde e não afetaria monções na Índia

Pratik Parija

08/03/2017 13h55

(Bloomberg) -- As monções da Índia poderão escapar dos efeitos de um possível fenômeno El Niño, que pode provocar clima seco no país que é o maior produtor mundial de algodão e o segundo maior produtor de trigo e açúcar.

"Basicamente, isso pode não gerar nenhum impacto nas chuvas" porque é provável que o El Niño se desenvolva só no fim deste ano, disse D.S. Pai, chefe da divisão de previsões a longo prazo do Departamento de Meteorologia da Índia. "Por enquanto não há indicação. Teremos mais clareza quando houver mais informações disponíveis, em abril e maio."

Meteorologistas de todo o mundo estão elevando as chances de que o fenômeno El Niño se desenvolva neste ano à medida que as temperaturas do Oceano Pacífico aumentam. O Departamento de Meteorologia da Austrália emitiu um alerta de "observação" do El Niño em 28 de fevereiro, indicando que a probabilidade de o fenômeno se formar neste ano é de cerca de 50 por cento. Seis modelos climáticos sugerem que os limites poderão ser atingidos em julho. O Centro de Previsões Climáticas dos EUA elevou as probabilidades para 50 por cento no fim do ano, enquanto a Malásia atribuiu uma chance de 50 por cento de desenvolvimento entre setembro e novembro. O El Niño de 2015-2016 foi o mais forte desde o evento recorde de 1997-1998.

Com o atraso do El Niño, o fenômeno pode não coincidir com a temporada de monções da Índia, que vai de junho a setembro, responde por mais de 70 por cento das chuvas e molha mais da metade de todas as terras agrícolas do país. O nível de chuva foi normal em 2016 após dois anos de déficit que limitaram a produção de cana-de-açúcar, trigo e leguminosas. A chuva boa das monções incentivou os agricultores a expandirem o plantio e o governo prevê que a safra de grãos da Índia atingirá uma alta histórica com produção recorde de arroz, trigo e leguminosas.

Os agricultores estão observando as projeções para as chuvas e a temperatura, especialmente para as lavouras de trigo, que serão colhidas a partir deste mês. A produção de trigo provavelmente ficará abaixo da projeção do governo, o que ampliará as importações, segundo uma pesquisa da Bloomberg publicada no mês passado.

O Departamento de Meteorologia da Índia informou na semana passada que são esperadas temperaturas acima do normal em toda a Índia de março a maio, depois de 2016 ter sido o ano mais quente desde 1901. Embora as fracas condições do La Niña estejam sendo sentidas no Oceano Pacífico desde julho, as projeções indicam que o fenômeno enfraquecerá e atingirá níveis neutros durante a temporada pré-monções, informou o órgão.

"Qualquer temperatura acima do normal terá uma influência direta na agricultura, seja no norte, seja na região central da Índia", disse G.P. Sharma, ex-presidente da empresa de meteorologia indiana Skymet Weather Services. "A safra precisa de temperaturas mais frias e também de um período de chuvas. A combinação dos dois fatores decide o tamanho do grão e o rendimento."

Há probabilidade de dois dias de chuvas fortes nos estados de Uttar Pradesh, Punjab e Haryana, no norte do país, a partir desta quinta-feira, segundo o Departamento de Meteorologia da Índia. As temperaturas subiram no norte do país na segunda quinzena de fevereiro, segundo o departamento.