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Minério de ferro enfrenta risco com chuva recorde na Austrália

David Stringer

08/03/2017 17h36

(Bloomberg) -- As fortes chuvas que afetaram as exportações de minério de ferro do país que mais vende a commodity, a Austrália, dando respaldo aos aumentos dos preços, deverão continuar prejudicando a oferta se as tempestades persistirem.

As exportações anualizadas da região de Pilbara, que fica na Austrália Ocidental e é rica em minério de ferro, caíram mais de 100 milhões de toneladas no início de fevereiro, segundo a Macquarie Group. O verão foi o mais úmido registrado no estado desde 1900, segundo o Departamento de Meteorologia.

O declínio significativo do ritmo dos embarques em janeiro e fevereiro, com base em dados semanais dos principais portos, provavelmente contribuiu para o aumento recente dos preços do minério de ferro, disseram analistas da Macquarie, entre eles Hayden Bairstow, em nota. As estações de chuva de 2015 e 2016 foram relativamente benignas, disse ele.

"Os ritmos das exportações começaram a se recuperar, mas a estação de chuva está longe de acabar, e como 2017 parece ser um ano acima da média para as chuvas, o risco de que haja novas interrupções de oferta continua", disse Bairstow, de Perth, Austrália, na nota.

O minério de ferro de referência subiu cerca de 14 por cento neste ano e no mês passado tocou o nível mais alto desde agosto de 2014 devido à produção de aço melhor que a esperada na China. O UBS Group elevou sua projeção de preço médio para 2017 de US$ 56 a tonelada para US$ 71, segundo nota de 2 de março, citando a forte demanda e as altas margens do aço. O minério com 62 por cento de conteúdo em Qingdao era negociado a US$ 89,80 a tonelada na terça-feira, segundo dados da Metal Bulletin.

"O que as empresas não enfrentaram muito neste ano foram ciclones, que são o maior pesadelo delas, porque os ventos paralisam completamente o embarque nos navios", disse David Lennox, analista de recursos da Fat Prophets em Sidney, Austrália, por telefone. "Clima úmido e Pilbara normalmente andam de mãos dadas, apesar de agora estarmos avançando para a estação mais seca. Daqui para frente, podemos esperar embarques muito normais."

O ritmo de exportação anualizado da região de Pilbara caiu de cerca de 850 milhões de toneladas ao ano no trimestre de dezembro para 801 milhões de toneladas em janeiro e 794 milhões de toneladas no mês passado, segundo a nota de 3 de março da Macquarie. O ritmo médio na última semana de janeiro e nas duas primeiras semanas de fevereiro caiu para 725 milhões de toneladas, uma redução de 125 milhões de toneladas em relação ao ritmo do trimestre de dezembro. Apesar da chuva, os embarques das maiores produtoras continuam sob controle, disse a Macquarie.

As exportações por Port Hedland, que movimenta carregamentos de fornecedoras como BHP Billiton e Fortescue Metals, caíram cerca de 11 por cento em fevereiro em relação ao mês anterior, para o nível mais baixo desde janeiro de 2016, mostram dados divulgados na terça-feira. O declínio refletiu interrupções nas operações de minério de ferro relacionadas ao clima, escreveram analistas do Australia and New Zealand Banking Group em nota, nesta quarta-feira.