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Começa julgamento do vice-presidente da Samsung, acusado de corrupção

Jay Y. Lee, herdeiro da Sansumg, foi preso e indiciado por corrupção - Reprodução/straitstimes
Jay Y. Lee, herdeiro da Sansumg, foi preso e indiciado por corrupção Imagem: Reprodução/straitstimes

Sam Kim

09/03/2017 13h07

(Bloomberg) -- O julgamento do vice-presidente da Samsung Electronics, Lee Jae-yong (chamado de Jay Y. Lee nos EUA), começou nesta quinta-feira (9). Promotores tentam provar que o bilionário conspirou para canalizar milhões de dólares para uma confidente da presidente Park Geun-hye a fim de ajudar a assegurar o controle da maior fabricante de smartphones do mundo.

Lee é a figura empresarial de mais alto perfil a ser indiciada em uma enorme investigação de corrupção que também provocou o impeachment de Park e gerou indignação pela "corrupção crônica" nos vínculos entre o governo e conglomerados dirigidos por famílias.

O promotor especial Park Young-soo disse que a ação legal em torno de Lee é o "julgamento do século" da Coreia do Sul, por causa de seu perfil global e da quantidade de dinheiro envolvida.

As audiências no Tribunal Distrital Central de Seul durarão até três meses, nos quais Lee enfrentará acusações como suborno e desvio de fundos. O maior ponto de discórdia será se as doações feitas pela Samsung a entidades dirigidas pela amiga de Park, Choi Soon-sil, tinham a intenção de obter o apoio do governo para uma fusão polêmica que foi realizada em 2015 e tornou mais fácil para Lee controlar o chaebol Samsung Group. O executivo de 48 anos negou ter cometido qualquer delito.

"Provar que houve uma troca de dinheiro por favores será um desafio", disse Hong Jung-seok, um advogado que trabalhou para a promotoria especial até o fim do mês passado. "O julgamento chamará a atenção do mundo inteiro, não apenas pela fama do réu no exterior, mas também pelo tamanho do suposto suborno."

Três instâncias

Se for condenado, a sentença de Lee pode ser de cinco anos à prisão perpétua. No sistema judiciário de três instâncias da Coreia do Sul, Lee pode recorrer a um tribunal de apelações e depois à Corte Suprema se perder, e cada tribunal demora até dois meses para deliberar. O pai dele escapou da cadeia, apesar de ter duas condenações penais, graças a indultos do governo.

A difícil situação de Lee gera dúvidas em relação à sucessão na Samsung, que está em transição desde que o pai dele sofreu um infarto paralisante em 2014. A ausência prolongada do líder de fato poderia adiar decisões importantes na Samsung Electronics, que apresentará a nova versão de seu smartphone principal, o Galaxy S8, neste mês.

Contudo, a Samsung afirmou que tem uma equipe de administração forte no comando dos negócios e as ações da companhia subiram 11,5% neste ano, mais do triplo do ganho no índice de referência KOSPI (principal índice de ações da Coreia do Sul).

Acusação

Lee foi acusado no mês passado junto com outros quatro executivos da Samsung, mas foi o único detido. O promotor o acusa de conspirar para transferir 29,8 bilhões de wons (US$ 26 milhões) às organizações de Choi em troca de favores.

Entre eles supostamente está a obtenção de apoio do Serviço Nacional de Pensões do governo a uma fusão entre a Cheil Industries e a Samsung C&T, realizada em 2015. A transação - que consolidou o controle de Lee - foi aprovada por pouco apesar da oposição do investidor ativista Paul Elliott Singer.

Lee também foi acusado de ocultar ativos no exterior, de perjúrio e de ocultar lucros obtidos com atividades criminosas. A Samsung afirmou na segunda-feira que não concorda com as conclusões de Park. "A Samsung não pagou subornos nem realizou pedidos inapropriados em busca de favores. Os processos judiciais futuros revelarão a verdade", afirmou a empresa em um comunicado.

"É um vexame internacional", disse por e-mail Eric Schiffer, presidente da Reputation Management Consultants, com sede em Irvine. "Mas isso não vai destruir a reputação da Samsung. Também não afetará muito as vendas, porque a Samsung é maior do que Lee."

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