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Banqueiro elogiado por Obama se concentra em títulos e pinball

Jonathan Levin e Blake Schmidt

13/03/2017 16h51

(Bloomberg) -- No auge da crise financeira de 2008, um banqueiro de Miami teve cinco minutos de fama, e não de infâmia, ao vender sua empresa e distribuir US$ 60 milhões entre as pessoas que estavam abaixo dele, incluindo auxiliares de escritório e caixas.

A ação transformou Leonard Abess em uma aberração da época, um banqueiro tão bom ou tão sortudo que escapou de um setor à beira do colapso com fortuna e reputação intactas. Meses depois, Barack Obama elogiou Abess em seu primeiro discurso em uma sessão conjunta do Congresso, gerando uma ovação de pé.

Depois disso, Abess desapareceu dos olhos do público.

Em uma quarta-feira recente, Abess concordou com um encontro em um pequeno aeroporto da Flórida, a noroeste do centro de Miami. Com barba grisalha e colarinho desabotoado, ele abriu o jogo em relação ao que fez com sua riqueza. Ele aluga e opera parte do aeroporto, onde celebridades como Lebron James e Justin Bieber supostamente pousam e reabastecem jatos privados.

Duas empresas dominam o mercado global de pinball, e ele é o principal investidor de uma delas. Abess possui milhares de hectares de fazendas e terras florestais, nas quais produz um premiado xarope de bordo. Ele lidera uma iniciativa para mostrar que o limão pode voltar a ser cultivado comercialmente no Sul da Flórida.

Abess, que nunca antes apareceu em um ranking internacional de riqueza, cuida discretamente de uma fortuna que totaliza US$ 1,3 bilhão, segundo o Bloomberg Billionaires Index. Um de seus maiores investimentos está em um portfólio de dívidas, no qual o financista de 68 anos utiliza seu conhecimento para realizar aquisições. Mas seus outros ativos são tão pouco convencionais quanto sua saída do setor.

Durante a entrevista em seu Orion Jet Center, em Opa-locka, Abess falou sobre a estratégia usada há quase uma década após a venda do City National Bank of Florida por US$ 1,1 bilhão.

"Eu não vendi esse banco e decidi pegar o dinheiro e quadruplicá-lo -- era suficiente, mais que suficiente", diz ele, mordendo um sanduíche de ovo e salada feito com ovos de suas próprias galinhas. "Continuamos distribuindo [dinheiro]. Nós o investimos e temos sorte porque os investimentos têm dado muito certo. Mas não fazemos isso olhando para o balanço."

Abess diz que os banqueiros precisam "ter alma". Um dos motivos pelos quais ele comprou o aeroporto foi para trazer empregos para uma área carente do Condado de Miami-Dade. Cerca de 500 pessoas estão empregadas direta ou indiretamente no aeroporto de jatos, diz ele. Mas ele se irritou com a sugestão de que adotou uma filosofia de investimento socialmente responsável, porque sua família coloca o dinheiro, em primeiro lugar, "onde acreditamos que seja um bom investimento".

Abess é também o principal investidor de uma das últimas empresas que ainda produzem máquinas de pinball. A Jersey Jack Pinball é, segundo ele, a segunda maior designer e fabricante do mundo, atrás da Stern Pinball. Outras produtoras passaram para as máquinas caça-níqueis e para os videogames porque já quase ninguém compra pinball para arcade. Mas Abess afirma que encontrou um nicho ao oferecer máquinas para colecionadores em um mercado de US$ 50 milhões.