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Alemanha busca apoio ao livre comércio em reunião do G-20

Jeff Black, Rainer Buergin e Joshua Wingrove

15/03/2017 12h27

(Bloomberg) -- Com as queixas sobre o câmbio e as ameaças de guerra comercial, as relações econômicas globais estão no nível mais tóxico em anos. É por essa razão que os chefes dos principais bancos centrais do planeta estão indo para um spa.

Neste fim de semana, no resort alemão de Baden-Baden, ministros da Economia e presidentes de bancos centrais das 20 maiores economias do mundo serão exortados a reafirmar os princípios do livre comércio, da abertura dos mercados e da regulação prudente, disse o presidente do banco central alemão, Jens Weidmann, na quarta-feira.

E apesar da atual onda populista contra a globalização, ainda é possível que saia um acordo do Grupo dos 20 em um momento em que o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, ainda tem poucas posições políticas detalhadas por seu chefe, o presidente norte-americano, Donald Trump, ou equipe para levá-las adiante. A China, a Alemanha e o restante do clube têm pouco interesse em destruir o consenso que ajudou a tirar a economia mundial da crise financeira.

"É possível que o G-20 termine rachado devido à mudança dos EUA para o bilateralismo, mas é difícil saber, porque nada disso foi revelado por Trump", disse Steven Barrow, chefe de estratégia do G-10 no ICBC Standard Bank em Londres. "É nos fatores despercebidos que o G-20 é mais efetivo em termos de política real."

Além dos comunicados principais, a agenda de trabalho estabelecida pela Alemanha para o grupo dos 20 neste ano causará poucos atritos e muito possivelmente concretizará algo. Desde o trabalho de longo prazo sobre evasão fiscal global até uma iniciativa sobre investimento na África, o país está minimizando as controvérsias em relação à taxa de câmbio do euro, seu superávit em conta corrente e a investida iminente do governo Trump contra os desequilíbrios comerciais.

Pontos de atrito

Apesar de o evento principal do G-20 presidido pela Alemanha ser a cúpula de líderes em Hamburgo, em julho, a reunião de chefes econômicos e presidentes de bancos centrais dá ao ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, uma oportunidade de exibir sua terra natal. Baden-Baden, uma cidade termal existente desde a era romana -- onde a água brota a até 67 graus Celsius -- está na parte norte da Floresta Negra, perto da fronteira com a França.

A peça central de qualquer reunião do G-20 é um documento que estabelece compromissos a respeito da administração da economia global. Como os EUA são peça-chave do sistema, com Trump as regras do jogo parecem prestes a mudar.

"Para reforçar a resiliência nacional, a presidência alemã [do G-20] está buscando um acordo para uma série de princípios em Baden-Baden", disse Weidmann, em conferência, na quarta-feira, em Frankfurt. "Os membros do G-20 continuam comprometidos com o princípio dos mercados abertos e do comércio transfronteiriço."