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Eleição holandesa vai testar onda do populismo na Europa

Joost Akkermans, Corina Ruhe e Anne van der Schoot

15/03/2017 13h16

(Bloomberg) -- Os eleitores holandeses comparecem às urnas em uma eleição geral que proporcionará o primeiro indicador da propagação do populismo no coração da Europa.

Na disputa, o primeiro-ministro liberal Mark Rutte enfrenta seu rival anti-islâmico Geert Wilders, que liderou grande parte da campanha com uma plataforma que promete tirar a Holanda da União Europeia e deter a imigração. No entanto, pesquisas das últimas duas semanas sugeriram que a tentativa de Wilders de aproveitar a onda de sentimentos nacionalistas que levou o Reino Unido a votar pelo Brexit e catapultou Donald Trump à Casa Branca pode ter perdido impulso.

A eleição desta quarta-feira em um dos seis membros fundadores da UE é o maior teste da força e da resiliência da onda populista em 2017, porque seu resultado será visto como um termômetro para as eleições que acontecerão neste ano na França e na Alemanha, as duas maiores economias da zona do euro.

"Vemos que os partidos de extrema direita na Holanda, na França e na Itália argumentam que querem realizar um referendo sobre a participação na UE", disse Marcel Fratzscher, diretor do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica em Berlim, em entrevista à Bloomberg Television. "Se existe um pedido por esse referendo, não se trata apenas de um referendo sobre a participação na UE, mas sobre o euro. E então voltamos rapidamente à posição onde estávamos no terceiro trimestre de 2012", quando a zona do euro correu o risco de colapsar no auge da crise grega.

Cerca de 12,9 milhões de habitantes da Holanda são aptos a votar, e as urnas estarão abertas até as 21 horas, horário local, quando uma pesquisa de boca de urna será divulgada. Os votos serão apurados manualmente pelo receio de ataques de hackers, mas as autoridades eleitorais não projetam nenhum atraso. Os primeiros dados revelaram que, às 10:30 de Amsterdã, 15 por cento dos eleitores já haviam votado, 2 pontos percentuais a mais que na última eleição, em 2012.

É mais provável que um alto nível de comparecimento no começo do dia seja uma boa notícia para os opositores do Partido da Liberdade, de Wilders, de acordo com Sarah de Lange, professora de ciência política na Universidade de Amsterdã. Defensores do Partido da Liberdade "já decidiram em quem vão votar, mas para os outros partidos 40 por cento ainda estavam na dúvida", disse ela. "Isso significa que outros partidos podem se beneficiar mais."

Um sinal

Rutte pediu que os eleitores holandeses usem esta eleição para transmitir um sinal e estipular um limite à propagação do populismo. Wilders, que afirmou que vetaria a entrada de imigrantes oriundos de países muçulmanos na Holanda, disse que ele já havia ganhado a eleição porque, em termos de políticas, "todos estão caminhando em nossa direção".

Os principais líderes partidários votaram cedo: Rutte e Wilders compareceram a colégios distintos em Haia.