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Ex-comentarista de TV quer ser presidente do Chile sem populismo

Javiera Quiroga

20/03/2017 13h55

(Bloomberg) -- O pré-candidato à presidência do Chile Alejandro Guillier tem uma mensagem para o JPMorgan e para os investidores estrangeiros em geral: fiquem calmos.

Dois meses depois de o JPMorgan ter afirmado que os investidores estavam evitando o Chile devido à postura populista de Guillier e à ascensão dele nas pesquisas de opinião, o candidato afirma que a comunidade dos negócios não precisa temer seu governo.

"Eu nunca me caracterizei pelas políticas extremas", disse Guillier, em entrevista em Santiago. "Sou um eterno negociador."

Aumento da carga tributária? Não em meu governo, disse ele. Fim das gestoras de fundos de pensões privados? Não é uma de minhas propostas. De fato, boa parte de seu discurso é tão pouco controversa que chega a ser lugar comum. O governo dele aumentaria a eficiência, incentivaria a inovação, diversificaria a economia e promoveria mais produtos de valor agregado, diz Guillier. Não há nenhuma menção ao desmantelamento do modelo econômico de livre mercado do Chile, que ajudou a sustentar três décadas de crescimento com média de mais de 5 por cento.

A única vez em que Guillier parece um pouco irritado é quando fala a respeito de punir abusos do setor privado. Qualquer empresa pega realizando doações ilegais a campanhas ou poluindo o meio ambiente perderia o direito de participar de licitações do governo, diz ele. Mas isso não é atitude de uma pessoa incendiária.

O governo da presidente Michelle Bachelet se concentrou na redução da desigualdade no Chile, mas Guillier não mencionou as palavras igualdade ou desigualdade durante os 90 minutos de entrevista. Ele pediu, contudo, poderes de negociação maiores para os trabalhadores para reverter a "concentração de riqueza" no Chile.

Comentarista de TV

O ex-comentarista de TV e atual senador por Antofagasta atribui a suspeita sobre sua candidatura ao fato de ele ser um outsider que entrou na política há apenas cinco anos e por não ser membro de nenhum dos grandes partidos políticos.

"Os grupos econômicos se assustam quando aparece alguém que não pertence ao establishment", disse Guillier. "O alarme vai diminuir alguns decibéis à medida que tornarmos nossas propostas conhecidas."

Guillier anunciou sua candidatura em 7 de janeiro e planeja concorrer nas primárias pela coalizão de centro-esquerda do atual governo, em julho, antes da eleição presidencial, em novembro. Por enquanto, as pesquisas de opinião o mostram em segundo lugar, atrás apenas do ex-presidente e líder de facto de oposição Sebastián Piñera.

Guillier gerou preocupações em relação ao populismo no ano passado, quando descreveu o sistema de fundos de pensão privados de US$ 181 bilhões como algo "desastroso", acusando-o de ter deixado muitas pessoas pobres, o que gerou a especulação de que ele apoiava a eliminação dos fundos privados.

Agora seu tom está mais moderado. Em vez de pedir a eliminação dos fundos de pensões privados, Guillier disse simplesmente que eles deveriam enfrentar uma concorrência maior para reduzir os custos para os clientes. Independentemente da reforma final do sistema de pensões o governo precisa buscar um consenso, disse ele.