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Europa Central e do Leste estão de olho nos talentos de Londres

Zoltan Simon

21/03/2017 14h18

(Bloomberg) -- Quando o maior administrador de ativos do mundo anunciou que iria montar um hub em Budapeste neste ano, a empresa foi inundada por candidaturas de um lugar inesperado: Londres.

Os interessados em trocar o principal centro financeiro da Europa pela capital da Hungria constituíam um terço dos candidatos, disse Melanie Seymour, diretora administrativa em Budapeste da BlackRock, que administra mais de US$ 5 trilhões. Banqueiros de investimento seniores e outros húngaros com salários altos chegaram em massa para a reunião da empresa no distrito financeiro de Londres para obter informações sobre as 500 vagas em marketing, criação de modelos financeiros e outras áreas.

Londres se prepara para um êxodo de talentos após o Brexit, ao passo que a Europa Central e o Leste Europeu estão se preparando para o oposto. Depois de anos de fuga de cérebros, quando os graduados de elite fugiam dos antigos países comunistas para empregos mais bem remunerados no Ocidente, agora a região tem mais para oferecer. Empresas como o Goldman Sachs Group na Polônia e a Pfizer na República Tcheca contribuirão para um crescimento que vai mais do que triplicar os postos financeiros, jurídicos, em pesquisa, design e outros na região, para 1 milhão em 2025, segundo a Association of Business Service Leaders (ABSL).

"O maior sonho deles é voltar para casa", disse Seymour em uma entrevista. "O único motivo pelo qual eles não estão aqui é porque não há oportunidades profissionais para satisfazer a inteligência e as ambições de carreira deles."

Empregos

No centro do boom de empregos estão os hubs de negócios, onde as companhias globais fazem grande parte do trabalho pesado na região leste da União Europeia. O setor, focado inicialmente em tarefas com salários baixos como call centers, atualmente emprega pessoal altamente qualificado e multilíngue em posições que antes só existiam nas sedes das empresas.

A Polônia está liderando o caminho. A maior economia oriental da UE possui 936 centros que empregam 212.000 pessoas, número que deve crescer para 300.000 até 2020, disse a ABSL. O governo diz que vai atrair mais de 30.000 empregos britânicos neste ano, já que as empresas buscam manter suas operações na UE depois do Brexit.

O boom gerou empregos fora dos hubs tradicionais. A Polônia tem 10 cidades com pelo menos 3.500 pessoas no setor, entre elas Cracóvia, onde a Heineken tem operações, e a Breslávia, sede do Google. Brno, a segunda maior cidade da República Tcheca, conta com escritórios da americana AT&T e Cluj-Napoca, na Romênia, tem a Hewlett Packard Enterprise.

Salários em alta

Como resultado, os salários aumentaram em toda a região. Desenvolvedores de software com três a cinco anos de experiência, por exemplo, ganham em média 28.500 euros (US$30.275) por ano em Praga e 33.200 euros em Budapeste. Os números triplicam as médias nacionais tcheca e húngara, mas ainda estão abaixo dos 65.000 euros que ganhariam em Dublin.

"O trabalho feito aqui é tão importante para o resultado geral da empresa e tão complexo quanto qualquer coisa feita por nós em Londres, Nova York, Hong Kong ou Cingapura", disse Seymour. "Esperamos poder ajudar a apoiar a reter talentos aqui e atrair alguns deles para que voltem."