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Carrefour planeja incluir imóveis e banco em IPO, dizem fontes

Cristiane Lucchesi e Fabiola Moura

22/03/2017 15h20

(Bloomberg) -- O Carrefour, maior varejista da França, planeja vender ações da holding que controla todos os negócios do grupo no Brasil e não apenas a unidade de supermercados, como especulado anteriormente, segundo duas pessoas com conhecimento direto do assunto.

O grupo planeja realizar uma oferta pública inicial de ações da unidade que também controla os hipermercados, supermercados e pequenas lojas de bairro, assim como o Atacadão, além de uma unidade imobiliária e um banco, disseram as pessoas que pediram para não ser identificadas porque as discussões são privadas.

O Carrefour preferiu não comentar. A empresa vem considerando um IPO no Brasil há mais de três anos e as condições estão se tornando mais favoráveis, disse o diretor financeiro Pierre-Jean Sivignon a repórteres em 9 de março. "Esta operação será feita se as condições permitirem", disse ele.

O Atacadão representa mais de metade da receita do grupo no Brasil, enquanto sua unidade imobiliária detém mais de 70% dos prédios que alojam as mais de 500 lojas brasileiras do Carrefour e alguns shoppings, disse uma das pessoas. O banco, chamado Carrefour Soluções Financeiras, ou Banco CSF, tinha um patrimônio total de R$ 1,93 bilhões e um total de ativos de R$ 6,46 bilhões em dezembro, de acordo com o balanço patrimonial. O Itaú Unibanco, maior banco brasileiro em valor de mercado, detém 49% de participação na instituição financeira.

Um IPO separado de uma unidade que opera centros comerciais na Europa, chamada Carmila, também está previsto para 2017, se as condições do mercado permitirem, disse o Carrefour na mesma época da conferência de 9 de março.

O Carrefour contratou JPMorgan, Bank of America Merrill Lynch, Itaú Unibanco e Goldman Sachs para coordenar o IPO, disseram as pessoas. Nenhuma decisão foi tomada sobre o preço ou sobre o tamanho da participação a ser vendida, de acordo com as pessoas.

Analistas do JPMorgan estimaram que a unidade brasileira, que é a segunda maior cadeia de supermercados do país, chega ao valor de 8,76 bilhões de euros (US$ 9,47 bilhões) em um relatório de 10 de março. A América Latina está crescendo em importância para o varejista europeu, representando quase 30% da receita operacional do Carrefour em 2016, ante 26,7% em 2013, segundo dados compilados pela Bloomberg. As vendas totais do Carrefour no Brasil devem subir para 14,4 bilhões de euros em 2017 e o Ebit, lucro antes de juros e impostos, subirá para 627 milhões de euros, de acordo com o relatório do JPMorgan.

Jornais e investidores brasileiros têm especulado se o bilionário Abilio Diniz vai aumentar sua participação ou reduzi-la para pagar dívidas quando o IPO for realizado. A empresa de investimentos de Diniz, a Peninsula Participações, detém 12% de participação na unidade e pode exercer uma opção para eventualmente elevar suas participações para 16%, disse uma das pessoas.

Diniz financiou sua compra de ações na empresa controladora da cadeia de supermercados francesa por meio de um acordo de financiamento avaliado em cerca de 750 milhões de euros com o Bank of America, pessoas familiarizadas com o assunto disseram em abril do ano passado. A aquisição de ações do Carrefour por Diniz foi totalmente financiada por um contrato de financiamento estruturado, de acordo com comunicado ao regulador francês em março de 2016, que não nomeou o banco envolvido. O negócio, que tem uma data de vencimento em julho de 2021, está protegido contra depreciação das ações do Carrefour, segundo o documento.