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Bolinho recheado resiste em meio à onda de comida saudável

Craig Giammona

28/03/2017 13h49

(Bloomberg) -- A alimentação saudável virou uma obsessão nos EUA. As vendas de refrigerantes estão caindo, a dose de sal está diminuindo e a couve crespa entrou no cardápio do McDonald's.

Mas os Twinkies, bolinhos recheados -- similares ao Ana Maria comercializado no Brasil pela Bimbo -- que são símbolo da gula, estão com tudo.

Para muitos jovens americanos que optam pela alimentação saudável, ele se tornou uma nostalgia alimentar. Nove meses de desaparição forçada das prateleiras abriram o apetite pelo bolinho dourado recheado de creme e, em 2013, após dois pedidos de concordata, a aquisição da divisão de bolinhos da Hostess Brands por duas empresas de private equity colocou a empresa de novo no caminho da solvência.

"Apesar de todos os desafios que os jovens trazem, eles também acreditam que só se vive uma vez e que é preciso aproveitar", disse Bill Toler, CEO da Hostess, com sede em Kansas City, Missouri, em uma entrevista. "Eles acreditam em uma concessão para se mimar."

Nas pesquisas de opinião, americanos valorizam muito o ato de comer às escondidas, tanto quanto a alimentação saudável. Embora 75 por cento tenham dito à NPR no ano passado que consumiam alimentos saudáveis, outro relatório, da Boston Consulting Group e da IRI, revelou que a indulgência era uma das principais tendências alimentícias, junto com a nutrição. A Hostess foi a segunda colocada entre as empresas médias líderes em crescimento, atrás da fabricante de iogurte grego Chobani.

Sentimentalismo

"Produtos que não são saudáveis continuam sendo populares", disse Krishnakumar Davey, presidente de análise estratégica da IRI. "A popularidade dos lanches nutritivos está aumentando, mas as vendas de sorvete e de salgadinhos também estão."

Entre os grandes beneficiados estão os Twinkies, os queridinhos da Hostess. Cada bolinho tem 130 calorias e 14,5 gramas de açúcar, em contraste com 140 calorias e 39 gramas de açúcar de uma Coca-Cola. A Apollo Global Management e a C. Dean Metropoulos & Co. compraram a Hostess por US$ 410 milhões e aproveitaram a onda de amor pelos Twinkies no momento certo. Em 2012 e 2013, a abstinência de Twinkies e de outros produtos da Hostess, como Ho Hos e Ding Dongs, gerou uma onda de sentimentalismo que enlouqueceu um pouco os fãs.

A nova popularidade dos Twinkies teve seu custo. O pedido de concordata da Hostess permitiu que os compradores de private equity recomeçassem com uma fração da força de trabalho, que chegou a ter cerca de 8.000 funcionários em várias padarias nos EUA. Hoje, a empresa reconstituída tem 1.350 funcionários e três instalações de padaria. Agora, uma linha de produção automatizada com 10 funcionários em Emporia, Kansas, consegue produzir 95 por cento dos famosos bolinhos. A Apollo não quis comentar.

As mudanças ajudaram a gerar algumas das melhores margens de lucro do setor de alimentos, quase à altura do registrado pelos implacáveis cortadores de custo da 3G Capital desde que adquiriram a Kraft Heinz Foods com ajuda de Warren Buffett em 2015.