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Farmacêuticas globais aguardam onda de aprovações na China

Bloomberg News

29/03/2017 14h51

(Bloomberg) -- A China está começando a aprovar novos medicamentos a um ritmo sem precedentes neste ano, abrindo as portas para a entrada de terapias inovadoras no país e possivelmente acelerando o crescimento das multinacionais no segundo maior mercado farmacêutico do mundo.

Nas últimas semanas, a Administração de Alimentos e Medicamentos da China aprovou o Tagrisso, da AstraZeneca, para o câncer de pulmão, o Zelboraf, medicamento da Roche contra o melanoma, e uma segunda terapia contra o câncer de pulmão, o Gilotrif, da Boehringer Ingelheim.

Criticado há tempos pela lentidão para aprovação de medicamentos que podem salvar vidas, o país asiático está acelerando seu processo regulatório para combater os índices crescentes de doenças como câncer e hepatite. As reformas têm o potencial de dar nova vida às perspectivas de crescimento das fabricantes de medicamentos na China, mercado no qual as empresas têm confiado em grande parte em produtos mais antigos.

Mas ao mesmo tempo em que medicamentos inovadores estão entrando, seus fabricantes enfrentam mais obstáculos em um momento em que o governo tenta reduzir os preços dos medicamentos em seu sistema de plano de saúde, que oferece cobertura básica para mais de 95 por cento de seu 1,4 bilhão de habitantes.

"A maioria das multinacionais está otimista em relação a conseguir aprovação para seus medicamentos, mas o financiamento ainda é um problema", disse John Wong, presidente do conselho para a Grande China da Boston Consulting Group. "Por isso, acho que a ação não terá um grande impacto a curto prazo, mas pode ter um impacto significativo em cinco anos."

A Administração de Alimentos e Medicamentos da China não respondeu imediatamente aos pedidos de comentário.

Demora para aprovação

As farmacêuticas estrangeiras historicamente esperavam anos para levar tratamentos já aprovados em outros países para a China. Nos últimos anos, muitos pacientes chineses têm viajado ao exterior para adquirir terapias contra o câncer e alguns compram até mesmo matérias-primas on-line quando as terapias não estão disponíveis no país.

O número de examinadores da Administração de Alimentos e Medicamentos da China que analisam os pedidos de aprovação de medicamentos subiu de 120 em 2015 para 600 no fim do ano passado e o volume de pedidos à espera foi reduzido em dois terços, disse Bi Jingquan, ministro do órgão, em entrevista coletiva, no fim de fevereiro.

O Tagrisso, da AstraZeneca, que deverá se tornar sucesso global de vendas no ano que vem, foi um dos primeiros a se beneficiar com as reformas. Seu processo de aprovação na China demorou apenas sete meses, segundo a companhia. A AstraZeneca preferiu não comentar sobre os preços do tratamento na China, dizendo que eles serão estabelecidos pelo mercado.

A China, enquanto isso, empreende uma campanha agressiva para restringir os custos com a saúde. No ano passado, o governo anunciou que havia negociado reduções de mais de 50 por cento nos preços de três medicamentos, incluindo o remédio contra hepatite Viread, da GlaxoSmithKline, e o tratamento contra câncer de pulmão Iressa, da AstraZeneca, que posteriormente foram adicionados à lista do seguro nacional para reembolsos.

"A aprovação para o mercado é apenas o primeiro passo para acesso ao mercado", disse Franck Le Deu, sócio sênior da consultoria McKinsey & Co. "O preço e o reembolso ainda são uma grande incógnita, apesar de estarem surgindo alguns sinais positivos."