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Trump acaba com plano de Obama, mas energia limpa sobrevive

Joe Ryan

29/03/2017 12h35

(Bloomberg) -- A esperada ordem executiva do presidente dos EUA, Donald Trump, que revoga regulamentações relativas à mudança climática está sendo comemorada por produtores de combustíveis fósseis e vaiada por ambientalistas. Qual a reação das empresas de energia limpa?

É...

Embora a revogação do Plano de Energia Limpa seja profundamente simbólica, esta medida provavelmente gerará pouco impacto nos setores de energia eólica e solar dos EUA. Após anos respaldados por subsídios, os preços caíram tanto que as fontes renováveis podem competir com os combustíveis fósseis. É por isso que as empresas de energia estão dando continuidade a planos de longo prazo para gerar eletricidade com alternativas ecológicas, apesar de Trump prometer ressuscitar as regiões produtoras de carvão dos EUA.

"Acho que não é necessário haver políticas que apoiem esse tipo de ativos", disse Sachin Shah, diretor da unidade de renováveis da Brookfield Asset Management, em uma entrevista. "Eles se sairão perfeitamente bem porque fazem sentido e são viáveis economicamente."

As energias eólica e solar responderam por mais de metade da nova capacidade adicionada às redes dos EUA nos últimos dois anos, graças a duas tendências econômicas. A primeira são os baixos preços do gás natural, que derrubaram o preço da eletricidade e obrigaram um número recorde de geradores a carvão envelhecidos a fechar. A segunda é que a construção de parques eólicos e solares se tornará muito mais barata, tornando-os um substituto atraente para as unidades de produção de combustível fóssil que foram fechadas.

Mesmo sem o Plano de Energia Limpa (CPP, na sigla em inglês), a Bloomberg New Energy Finance projeta que as energias eólica e solar crescerão 51 por cento nos próximos três anos, com empresas como NextEra Energy, Duke Energy e NRG Energy ampliando seus portfólios.

'Futuro de energia sustentável'

"Acreditamos que os nossos objetivos são negócios responsáveis e também bons negócios", disse Bruno Sarda, diretor de sustentabilidade da NRG, que planeja reduzir suas emissões pela metade até 2030. "Independentemente do que acontecer com o CPP, continuaremos em nosso caminho para criar um futuro de energia sustentável e eliminar o carbono da geração de energia."

No entanto, a economia por si só não vai estimular o crescimento das energias eólica e solar. As leis estaduais que exigem que as concessionárias de energia elétrica extraiam parte de sua eletricidade de fontes renováveis desempenham um papel importante. Assim como os créditos fiscais federais para parques eólicos e solares, concedidos em 2015 com o apoio de legisladores republicanos. E essas políticas permanecem intactas, pelo menos por enquanto.

"Enquanto os créditos fiscais existirem continuaremos vendo um crescimento sólido das energias renováveis nos próximos três ou quatro anos", disse Ethan Zindler, analista da New Energy Finance em Washington, em uma entrevista.