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Produção de maconha não elevará consumo de energia nos EUA

Christopher Martin

31/03/2017 12h17

(Bloomberg) -- Como as restrições locais à maconha estão diminuindo nos EUA, fornecedoras de eletricidade da Califórnia a Maine esperavam tirar proveito da produção recém-legalizada. Afinal, um galpão de 465 metros quadrados repleto de sistemas de cultivo hidropônico pode consumir cinco vezes a eletricidade de um usuário industrial típico.

No entanto, após um salto inicial no consumo de eletricidade quando os estados começaram a legalizar o cultivo e a venda de maconha, a demanda despencou em algumas regiões, de acordo com concessionárias de energia elétrica e analistas. A queda se deve, em parte, a que o setor outrora ilícito já não precisa esconder suas plantas da polícia e os produtores passaram a adotar lâmpadas, bombas e sistemas de refrigeração que consomem energia de forma mais eficiente.

"Você precisa se perguntar: por que a maconha é cultivada em interiores?", disse Paul Patterson, analista de concessionárias de energia elétrica da Glenrock Associates em Nova York. "Com a legalização, veremos mais produções ao ar livre ou em estufas."

A realidade é que o consumo de energia do cultivo de maconha pode decepcionar as companhias de luz dos EUA, abaladas pela estagnação da demanda de eletricidade devido ao surgimento de fontes renováveis, como células solares, e de geradores e eletrodomésticos mais eficientes. Projetava-se que a legalização do mercado americano de cannabis, de US$ 3,5 bilhões, em que milhares de produtores usam energia 24 horas por dia, estimularia ainda mais o consumo, mesmo que isso pudesse pressionar a envelhecida rede de transmissão do país.

No setor de energia, pequenos aumentos da demanda podem ser significativos. O Departamento de Energia dos EUA projeta que o consumo de eletricidade no país crescerá 1 por cento ou menos ao ano até 2040.

Quando o Colorado legalizou a maconha, o consumo de energia na maior concessionária elétrica do estado aumentou entre 1 por cento e 2 por cento, de acordo com a Xcel Energy, uma fornecedora do estado. Ganhos similares foram registrados em Washington e Oregon, onde os órgãos reguladores projetavam que os produtores de maconha fossem consumir energia suficiente para abastecer uma cidade pequena.

Ganhos passageiros

No entanto, alguns dos ganhos registrados depois da legalização foram passageiros.

Em Tacoma, Washington, a companhia municipal estava se preparando para um aumento do consumo que acabou sendo muito menor que o previsto, disse Chris Gleason, porta-voz do município. Em uma instalação de cultivo, onde projetava-se que a demanda chegaria a 12 megawatts, a operação tem cerca de metade do tamanho anteriormente planejado e usa apenas 1,3 megawatt.

"Coisas como a tecnologia avançada de iluminação com LED e métodos inteligentes de cultivo reduziram a quantidade de eletricidade necessária para os produtores", disse Gleason. "Não tivemos tantos produtores em nossa região de atendimento quanto esperávamos."

Na verdade, a legalização da maconha nos EUA ainda está em estágio inicial. Embora 28 estados tenham aliviado as restrições à substância até o momento, nem todos autorizam o uso recreativo, que poderia provocar um aumento da produção, e apenas algumas regiões terão climas adequados ao cultivo ao ar livre o ano inteiro.