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Aéreas dos EUA ganham mais vendendo milhas do que passagens

Justin Bachman

03/04/2017 07h17

(Bloomberg) -- Na sua carteira tem um cartão de crédito com a marca de alguma companhia aérea? Se tiver, suas idas diárias ao Starbucks, suas escolhas no iTunes e os lugares aonde você vai jantar desempenham um papel fundamental para manter o setor de aviação dos EUA feliz e satisfeito.

Para aéreas como American Airlines nos cartões do Citigroup ou Delta nos cartões da American Express, esses programas são a galinha dos ovos de ouro, a vaca leiteira ou qualquer outra metáfora rural e financeira de sua preferência.

Cada milha rende de US$ 0,015 a US$ 0,025 para a aérea e os grandes bancos acumulam bilhões dessas milhas, distribuindo-as aos titulares dos cartões a cada mês.

Perfil do consumidor

Para os bancos, as pessoas que pagam a anuidade desses cartões para acumular milhas são o mais parecido com uma aposta segura. Esses consumidores costumam ter rendas acima da média e gastam mais com os cartões de crédito, gerando comissões dos comércios para os bancos. Eles também tendem a manter classificações de crédito altas, o que significa que pagam suas contas em dia e os bancos têm menos inadimplências.

O negócio das milhas aéreas, formalmente conhecido como programa de fidelidade, se tornou um empreendimento com margens altas que cresceu em tamanho e em valor em meio à consolidação das companhias aéreas, com operadoras interessadas em ampliar sua presença em cartões de crédito e ver os membros do programa de fidelidade gastarem mais.

Neste ano, a Alaska Airlines começou a vincular uma pequena porcentagem do pagamento por desempenho de seus 19 mil funcionários ao crescimento de mercado de seu cartão com o Bank of America.

Os investidores não perceberam a importância desses programas para a rentabilidade das companhias aéreas devido à estabilidade gerada pela consolidação, disse Joseph DeNardi, analista sênior de aéreas da Stifel Financial em Baltimore. Desde agosto, ele vem emitindo um fluxo constante de notas para clientes alertando que o mercado subavaliou as cinco maiores companhias aéreas.

DeNardi explicou diversas vezes que os investidores têm pouca ideia dos bilhões de dólares que os grandes bancos pagam por essas afiliações. Em cada conferência ou reunião com investidores das companhias aéreas DeNardi tem insistido para que os executivos forneçam informações mais detalhadas nos relatórios.

Em muitos sentidos, as três maiores companhias aéreas dos EUA se organizaram em dois negócios distintos. Por um lado, a atividade tradicional --com aviões--, que consiste em vender passagens com o preço mais alto possível, cobrar taxas de bagagem e vender alguns alimentos e bebidas sempre de olho nos custos.

O outro negócio é a venda de milhas --principalmente para os grandes bancos, mas também para empresas tão variadas quanto locadoras de veículos, hotéis e vendedores de revistas.

Esta segunda atividade se expandiu tanto que agora representa mais da metade do lucro total de algumas companhias aéreas, inclusive a American Airlines, a maior do mundo.