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Bares e restaurantes de Nova York se transformam em escritórios

Shelly Hagan

03/04/2017 12h52

(Bloomberg) -- Há poucos dias, às 7 horas da manhã, Simon Collins estava em seu escritório em Nova York fazendo uma videoconferência para a China. O consultor de moda estava prestes a apresentar seus planos para uma próxima conferência quando seu colega do exterior interrompeu-o: "Você está na sala de jantar da casa de sua avó?"

Na verdade, ele estava no Public, um restaurante com pouca iluminação, mesas escuras de carvalho e decoração vintage, localizado no badalado bairro Nolita, da cidade de Nova York. Premiado com uma estrela Michelin, o lugar se transforma todas as manhãs em um espaço de trabalho compartilhado para freelances e outros profissionais. Uma rede de cinco desses híbridos de restaurante e escritório é administrada por uma startup local chamada Spacious, que está encontrando um nicho entre pessoas que buscam um lugar para trabalhar que seja mais barato que WeWork, mas mais tranquilo e confiável que um Starbucks.

Spacious é uma das várias empresas novas com uma visão pouco convencional do espaço de trabalho compartilhado. O modelo que transforma salas de jantar ou bares em escritórios comunitários é atraente para os proprietários de restaurantes porque oferece uma nova fonte de receita durante o dia, quando seus espaços costumam ficar inativos. O apelo é especialmente grande para o setor de serviços de alimentação, que tem visto suas margens ficarem ainda mais apertadas. "Ao passar por uma cafeteria e ver todo mundo amontoado, enquanto um lindo restaurante ao lado estava vazio ? simplesmente parecia uma solução natural", disse Preston Pesek, um dos fundadores e CEO da Spacious.

Os espaços de trabalho compartilhados, onde as pessoas alugam mesas e escritórios junto com outros profissionais independentes, se tornaram uma moda mundial, encabeçada pela WeWork. A companhia com sede em Nova York foi avaliada em mais de US$ 17 bilhões no mês passado, após um investimento da SoftBank Group. A WeWork oferece aos membros lanches gratuitos e acesso a barris de cerveja no escritório. A empresa tem 162 espaços de escritório em 41 cidades espalhadas pelo mundo.

A cidade natal da WeWork é uma das capitais mundiais dos espaços de trabalho compartilhados. O número de imóveis comerciais dedicados a essa atividade na cidade quintuplicou nos últimos cinco anos, de acordo com Jonathan Mazur, diretor administrativo da corretora de imóveis Newmark Grubb Knight Frank. Com sua alta concentração de restaurantes e bares, a cidade oferece muitas opções para a Spacious e suas concorrentes, como WorkEatPlay e KettleSpace.

Mas empresas semelhantes estão surgindo também em Austin, Texas, e Tel Aviv. Elas não costumam oferecer tantos benefícios quanto a WeWork, mas garantem aos membros Wi-Fi veloz, impressoras, materiais de escritório e café. As assinaturas variam entre US$ 95 e US$ 110, cerca de metade do custo de uma mesa na WeWork.

Daniel Rubin, CEO da Pub Hub, de Israel, disse que abriu um lugar e está examinando mais de uma dúzia de bares no centro tecnológico do país, Tel Aviv. Mas ele disse que encontrar algum que seja apresentável para que profissionais possam trabalhar todas as manhãs é um desafio: "Nem todos os bares são ideais para um ambiente de trabalho compartilhado."