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No sertão brasileiro, uma fortuna é encontrada nos ventos

Mário Araripe, fundador e CEO da gigante de energia eólica Casa dos Ventos Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

Blake Schmidt e Vanessa Dezem

12/04/2017 14h22

(Bloomberg) -- O vento vale ouro para Mário Araripe.

O empresário criou um império formado pela gigante de energia eólica Casa dos Ventos -- que desenvolveu quase um terço da capacidade atual e planejada no Brasil -- e pelos aproximadamente 170 mil hectares em terras que detém no Nordeste. Os parques eólicos da Casa dos Ventos mais a receita gerada a partir da venda de ativos por R$ 2,3 bilhões para a Cúbico Sustainable Investments no ano passado ajudaram Araripe a erguer uma fortuna pessoal que o Bloomberg Billionaires Index calcula em US$ 1,3 bilhão.

Filho de um engenheiro que construía infraestrutura para enfrentar a seca no sertão nordestino, Araripe começou a carreira desenvolvendo propriedades de luxo nas praias da região nas décadas de 1980 e 1990 e depois comprou a fabricante de jipes Troller, que estava quebrada. Em uma década, transformou uma área no meio do sertão em um dos principais centros mundiais de produção de energia eólica.

A Casa dos Ventos começou a construir seus próprios parques eólicos em 2010 Imagem: Divulgação

Energia renovável

Sua Casa dos Ventos é hoje uma das maiores compradoras de turbinas da General Electric na América Latina. A empresa vem recebendo -- e rejeitando -- propostas de compra de chineses e americanos. A companhia é líder em desenvolvimento de parques eólicos no Brasil, o nono maior país produtor de energia renovável no mundo, de acordo com a Associação Global de Energia Eólica.

Ele começou a ganhar dinheiro quando fundou a Construtora Colmeia, especializada em propriedades de praia no Ceará. Ele vendeu a construtora aos funcionários e em 1997 resgatou a Troller, que em poucos anos estava exportando veículos para o Kuwait, a Arábia Saudita e Angola. Araripe gostava de testar os jipes em longas excursões pela América do Sul, com roteiros como os de Machu Picchu, no Peru. Um dia, emprestou um jipe a um antigo colega do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), onde se formou em 1977. O amigo dirigiu o veículo pelo Ceará para medir ventos.

Anos depois, quando Araripe vendeu a Troller para a Ford Motor por R$ 600 milhões, o mesmo amigo o convenceu a investir em uma tecnologia nova.

Melhores rajadas

A Casa dos Ventos começou comprando e alugando terras no Ceará para seus engenheiros encontrarem as melhores rajadas de vento. Araripe diz que faz isso melhor do que ninguém porque conhece a região.

"O segredo estava em medir o vento", diz Thais Prandini, analista da consultoria Thymos Energia, de São Paulo. "É uma companhia que encontrou um nicho interessante e ganhou muito dinheiro."

Em 2010, a Casa dos Ventos começou a construir seus próprios parques eólicos e hoje se envolve em muitas partes do processo -- dos leilões para obtenção de contratos de longo prazo para fornecimento de energia, ao desenvolvimento e operação de parques. Araripe afirma que a Casa dos Ventos tem terras suficientes para criar mais 15 gigawatts de capacidade nos próximos anos. A atual capacidade instalada no Brasil está próxima de 10 gigawatts.

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