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Comida rápida, gordurosa e salgada é a fórmula do momento

Leslie Patton

17/04/2017 14h26

(Bloomberg) -- Os consumidores são enlouquecedoramente inconstantes, mudam de gosto de uma hora para a outra sob a influência da última mania ou indignação nas redes sociais. Mas se você quer previsibilidade, concentre-se nos homens jovens e famintos dos EUA.

Eles são fanáticos por fast-food, setor que se centrou neles com cardápios abarrotados de gordura e propagandas direcionadas às preferências desse público. Exemplo A: Christopher Dan, estudante de Direito de 25 anos de Phoenix, fã do Taco Bell, onde comerá um burrito de batata e queijo, um Steak Chalupa e um Doritos Locos Tacos. Além de quatro ou cinco tacos comuns. Sua única regra: gastar menos de US$ 12. (Ele certamente não está contando as calorias, que neste caso somam cerca de 1.800).

"Eu quero gordura e sal, basicamente", disse Dan. "A história é mais ou menos essa: é tudo ou nada."

Há um número suficiente de homens carnívoros com menos de 30 anos como ele para manter as vendas em alta nos EUA não apenas no Taco Bell, mas também no Jack in the Box e no Arby's. Em um ano que tem sido de baixa para o setor, essas redes estão apresentando desempenho superior a nomes como McDonald's, que vem promovendo -- tremei -- alimentos saudáveis e frescos, incluindo hambúrgueres de carne não congelada, saladas de couve e frango livre de antibióticos.

Os rapazes atraídos pelo Meat Mountain do Arby's, com suas 1.030 calorias (carne em conserva, bacon picante, isca de frango, presunto defumado, peito bovino, dois tipos de queijo) ou o Brunch Burger do Jack, com 55 gramas de gordura (hambúrguer de carne de boi, ovo frito, cheddar, bacon, maionese) sempre optarão por essas redes.

Eles se mantêm impassíveis em relação às tendências econômicas e às modas superverdes. "Eles não vão começar a cozinhar ou a comprar em lojas especializadas como a Whole Foods", disse Bob Goldin, sócio da consultoria do setor Pentallect em Chicago. "Eles continuam leais ao fast-food."

Obviamente as mulheres também gostam de gordura. E todos os jovens americanos têm comido mais fora de casa, de uma forma geral. Os americanos entre 18 e 34 anos jantaram em média 226 vezes em restaurantes no ano passado, contra 220 em 2015, enquanto o público com 35 anos ou mais recuou, segundo dados da NPD Group.

Mas é o que o Taco Bell chama de "grupo principal de clientes homens" o que constitui sua base. Dan, o estudante de Direito de Phoenix, é cliente de carteirinha da rede. Ele disse que são os itens mais escandalosos que o tentam, como o Chalupa com uma massa que não é de milho, nem de farinha, mas de frango frito.

"O Taco Bell inventa novas formas de colocar as mesmas coisas no teu corpo", disse ele. "As inovações deles me animam mais que as do Wendy's."

Tudo isso é bastante deliberado. "Para nós o desafio é encontrar novas formas inventivas de sobressair naquilo que o consumidor quer, ou que ele nem sequer sabe que quer", disse Marisa Thalberg, diretora de marketing da empresa. "Estamos lendo as folhas de chá da cultura."

Em todos os restaurantes fast-food dos EUA as vendas nas mesmas lojas (abertas há um ano) caíram 3,3 por cento em fevereiro, terceiro declínio mensal seguido, segundo dados da MillerPulse. Segundo esse indicador, as vendas da Arby's subiram 3,2 por cento no quarto trimestre e as do Taco Bell cresceram 3 por cento. Eles conhecem seus clientes.