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Quebra de safra tende a aumentar preços de vinhos chilenos

Javiera Quiroga e Eduardo Thomson

17/04/2017 14h52

(Bloomberg) -- A oferta de vinhos Carménère deve ficar ainda mais escassa.

Com o clima atípico, o desempenho da Viña Concha y Toro, maior produtora de vinhos do Chile, está abaixo de seus pares da América Latina. Especialistas e investidores podem ter de se acostumar com o fato, dizem analistas, porque o clima irregular deve se tornar regra e com isso os preços aumentarão.

O Ministério da Agricultura estima que a última colheita de uva do Chile tenha diminuído em 10 por cento devido às fortes chuvas fora de época no começo do ano passado, que foram seguidas pelo aumento recorde das temperaturas e incêndios florestais no verão. Foi o segundo ano seguido de safras menores, o que ameaça aumentar os custos da Concha y Toro.

A recomendação de consenso de analistas de renda variável para a Concha y Toro caiu para 3,4 em março em uma escala de 1 (venda) a 5 (compra), o menor nível em quase quatro anos. Este mês, duas firmas rebaixaram a recomendação para a produtora de vinhos, de compra ou classificação equivalente para neutra. O BTG Pactual citou custos maiores e o efeito que o peso mais forte terá sobre as exportações da Concha y Toro, enquanto o Bradesco BBI, em seu relatório explicando o rebaixamento, mencionou as incertezas sobre uma possível recuperação da safra de uva. A Concha y Toro não quis comentar.

As temperaturas elevadas durante o verão chileno anteciparam a colheita em duas semanas e, em alguns casos, em um mês, o que reduziu a produção. O Banchile alertou em janeiro que os incêndios florestais provocados pelas altas temperaturas terão um impacto negativo sobre a produção de uva e vinho em 2017, eliminando qualquer possível crescimento do setor. Os investidores acompanharão de perto os dados da safra de uva que serão divulgados no próximo mês para conseguir mais pistas.

"Esta safra é importante, em termos de risco, e pode ter efeito sobre as margens da Concha y Toro, já que a empresa compra cerca de três quartos das uvas de que necessita de outros produtores", disse Moritz Bernhard, analista do Banco de Crédito e Inversiones, em entrevista por e-mail. "O preço pode subir e ter um grande impacto sobre as margens."