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Zinco amplia rendimento de terras agrícolas pobres em nutrientes

Danielle Bochove

18/04/2017 10h53

(Bloomberg) -- Devolver um metal industrial ao solo pode ser vantajoso para fazendeiros e mineradoras.

O metal é o zinco. Usado principalmente para reduzir a corrosão no ferro e no aço, o zinco também é necessário em pequenas quantidades para manter seres humanos e plantas saudáveis. Sem ele na dieta, as pessoas têm propensão a diarreias, pneumonia e malária e as plantações definham. O problema é que as terras agrícolas da Ásia Meridional, da África Subsaariana e da América Latina estão cada vez mais deficientes em zinco, o que provoca mais de 450.000 mortes por ano de crianças com menos de cinco anos, mostrou um estudo de 2008 publicado na revista científica The Lancet.

O uso na agricultura continua baixo, mas as vendas de fertilizantes com zinco de empresas como Mosaic estão crescendo. Os fazendeiros estão tentando ampliar o rendimento recuperando solos privados de nutrientes pelo uso excessivo e pela mudança climática. A empresa canadense Teck Resources tem um projeto de teste na China. Outra companhia está desenvolvendo uma mina em Nevada, nos EUA, que poderá processar minério apenas para plantações. A expansão do mercado do zinco além do aço e das produtoras de químicos acabaria aumentando a demanda pelo metal em um momento de baixos estoques e aumento dos preços.

"É um crescimento lento, mas um crescimento estável", disse Sean Davis, analista principal de uma unidade da IHS Markit, empresa de pesquisa do setor mineral global em Houston, nos EUA. Ele estima que os fazendeiros ampliarão o uso de zinco em cerca de 4 por cento ao ano nos próximos cinco anos.

No ano passado, foram usadas apenas 270.000 toneladas de zinco, aproximadamente, nas plantações de todo o mundo, estima a IHS Markit. O total contrasta com o de 12,1 milhões de toneladas de todos os usuários, segundo a Bloomberg Intelligence. Contudo, como quase dois terços das fazendas do mundo são deficientes em zinco, se o metal for usado em todos os lugares que o necessitam a demanda agrícola pode triplicar para 900.000 toneladas, disse Davis.

Oferta apertada

O uso maior de zinco em fertilizantes poderia pesar sobre os estoques já restritos. A demanda global excedeu a produção das minas em dois dos últimos três anos depois que as produtoras reduziram o ritmo durante uma queda dos preços. Agora, os estoques monitorados pela Bolsa de Metais de Londres apresentam nível 71 por cento menor que o do pico de 2012 e o menor patamar em mais de sete anos. Os preços na bolsa atingiram a maior alta em nove anos em novembro, de US$ 2.985 a tonelada, e acumulam alta de quase 40 por cento em relação ao ano anterior, a US$ 2.586,50 na terça-feira.

Os pesquisadores vêm estudando os benefícios do zinco nas colheitas em um momento em que uma parcela maior do solo do mundo está se exaurindo e perdendo nutrientes. Regiões áridas e semiáridas são mais vulneráveis porque as plantas absorvem o zinco apenas quando ele está dissolvido na água.

Um estudo de 2012 da Agrochimica, uma revista de agricultura da Universidade de Pisa, na Itália, mostrou que até 70 por cento das terras agrícolas da Índia e do Paquistão têm deficiência de zinco, assim como metade do solo da China. A adição de zinco ao fertilizante pode ajudar, mas os resultados variam de acordo com a região e a cultura. Nos EUA, país que tem a maior produção agrícola do mundo, os rendimentos dos grãos aumentaram em todos os lugares entre 12 por cento e 180 por cento com a adição de zinco, reportou a revista.