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Energia a carvão está desaparecendo rapidamente na Europa

Jessica Shankleman, Tino Andresen e Mathew Carr

19/04/2017 09h22

(Bloomberg) -- A longa despedida do carvão na Europa está sendo acelerada pela diminuição do custo da mudança para a energia verde.

Empresas como Drax Group, Steag e Uniper estão fechando ou convertendo geradores que queimam carvão a um ritmo recorde da Áustria ao Reino Unido, porque eles se tornaram obsoletos pela concorrência das energias eólica e solar, que são mais baratas. Após mais de 500 anos usando a rocha carbonácea -- que impulsionou a revolução industrial, ao mesmo tempo em que as emissões aqueceram a atmosfera --, o continente simplesmente já não pode permiti-la e está relegando-a ao passado.

"É um mundo completamente diferente em termos de preços dos combustíveis", disse Johannes Truby, analista da Agência Internacional de Energia, que tem sede em Paris. Desde 2012, a agência reduziu sua projeção para o uso de carvão na União Europeia em 2030 em 12 por cento e atualmente estima que apenas 114 gigawatts de capacidade serão mantidos até lá, contra uma projeção de 177 gigawatts feita em 2014, segundo os últimos dados anuais disponíveis.

Países como Reino Unido, França, Portugal, Áustria e Finlândia estão descontinuando o carvão com políticas para eliminar seu uso na geração de energia. Em outras partes do mundo, o combustível fóssil trava uma batalha de vida ou morte porque a energia verde produz uma eletricidade mais barata e emprega mais pessoas. Mesmo nos EUA, onde o presidente Donald Trump prometeu reduzir os padrões ambientais para recuperar empregos no setor de carvão, muitas plantas são incapazes de competir com o gás natural, abundante e de baixo custo.

Na maior usina movida a carvão da Europa, na cidade alemã de Voerde, três chaminés de até 250 metros de altura estão inativas após expelirem vapor e fumaça por mais de meio século. A planta gerava 2,2 gigawatts de energia para 4,5 milhões de residências antes de a proprietária Steag desligar o interruptor nas últimas semanas.

A política governamental de Energiewende (transição energética) está levando o país a um uso maior de energias solar e eólica, o que criou uma abundância de energia renovável e derrubou os preços da eletricidade. Apenas neste mês, o órgão regulador da rede de eletricidade entregou contratos de construção para parques eólicos offshore que pela primeira vez deverão ser rentáveis sem subsídios. Tudo isso minou a viabilidade da usina de Voerde, que chegou a empregar 550 trabalhadores.

"Nós desativamos essa usina de energia porque a Energiewende já não permite que ela opere de forma rentável", disse Joachim Rumstadt, presidente do conselho de gestão da Steag. A geradora não é competitiva, apesar de ter a "melhor tecnologia disponível" para a queima de carvão, disse ele em entrevista coletiva, em 4 de abril, na sala de turbinas da usina.

Cerca de metade dos fechamentos recorde de 10 gigawatts em usinas de carvão europeias de 2016 ocorreram no Reino Unido depois que o governo duplicou o preço do carvão e que empresas como a Drax começaram a tomar medidas para converter ou desativar instalações. As emissões de gases causadores do efeito estufa geradas pela energia no Reino Unido caíram em quase um quinto, segundo o governo.