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Mercado começa a discutir elefante na sala que pesa US$ 13 tri

Enda Curran, Liz Capo McCormick e Eric Lam

19/04/2017 13h57

(Bloomberg) -- Depois de encararem as águas nunca dantes navegadas do afrouxamento quantitativo, os principais bancos centrais começam a planejar como entrarão nas águas nunca dantes navegadas do aperto quantitativo.

Como o Federal Reserve, o Banco Central Europeu e, eventualmente, o Banco do Japão lidarão com a transição pode fazer toda a diferença. Pode ser uma reprise global da turbulência dos mercados em 2013 após a indicação do Fed de que iria começar a retirar estímulos (situação que ficou conhecida como "taper tantrum") ou a resposta quase imperceptível do mercado à redução do total em títulos do Tesouro americano em poder da China nos últimos anos. O balanço patrimonial dos três grandes bancos centrais do mundo agora soma aproximadamente US$ 13 trilhões ? mais que o PIB da China ou da zona do euro.

"Sabe o que dizem sobre escalar montanhas? A decida é sempre mais perigosa do que a subida", disse Stephen Jen, presidente do fundo de hedge Eurizon SLJ Capital, em Londres. "A diminuição do balanço patrimonial será a decida."

Economistas e investidores passaram a se empenhar mais nas análises sobre as implicações da contração dos balanços patrimoniais após a ata da última reunião do banco central dos EUA, o Fed, sinalizar que autoridades preferem iniciar o processo já neste ano.

Banco do Japão e BCE

Embora o banco central japonês pareça longe de reduzir seu balanço patrimonial, o comandante Haruhiko Kuroda afirmou que esta será uma das tarefas que a instituição enfrentará quando acabar com as políticas de estímulo monetário. Isso só ocorrerá após a inflação anual superar 2 por cento, o que, pelas previsões do banco central, acontecerá no ano fiscal que se inicia em abril de 2018.

O balanço patrimonial do BCE continuará aumentando pelo menos até o fim deste ano e não deve encolher até bem depois que a instituição finalmente parar de comprar ativos.

Uma incerteza importante é como a economia global, tão endividada, lidará com a alta de juros que provavelmente resultará da retirada de estímulos. À medida que os bancos centrais espremem seus balanços, vão intensificar as pressões para venda de títulos de prazo mais longo e elevar os custos de captação. Encontrar o equilíbrio não será fácil.

As três instituições usaram títulos públicos como canal para a expansão monetária. Ao longo do último ano, o Fed também acumulou quase um quarto dos títulos atrelados a hipotecas vendidos por agências ligadas ao governo.

Os programas ficaram tão diversificados que o BCE incluiu entre suas compras títulos de uma empresa de iogurte da França e o Banco do Japão adquiriu ações de uma fabricante de molho de soja por meio de fundos negociados em bolsa.

O plano atual do Fed é começar a reduzir o balanço patrimonial diminuindo gradualmente o reinvestimento em papéis que chegam à data de vencimento. São US$ 426 bilhões em títulos do Tesouro que vencem em 2018 e mais US$ 357 bilhões que vencem em 2019.

Outra incerteza é a possível dança das cadeiras no alto escalão do Fed sob a batuta do presidente
Donald Trump. O mandato de Janet Yellen como comandante do Fed termina em fevereiro e há três vagas abertas na diretoria. Assim, o governo Trump tem meios de influenciar a estratégia para o balanço patrimonial. Embora Trump tenha afirmado ao Wall Street Journal que está aberto a indicar Yellen para um novo mandato, alguns de seus correligionários republicanos defendem a saída dos mercados de crédito, aumentando o risco de volatilidade.