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Busca por realização e queda: livro mostra o lado ruim de ficar rico

Getty Images/iStockphoto
Imagem: Getty Images/iStockphoto

James Tarmy

19/04/2017 11h47

(Bloomberg) -- Em uma foto, Florian Homm, o gerente de "hedge funds" (fundos de proteção cambial) alemão formado em Harvard que ganhou e perdeu uma fortuna pessoal de mais de US$ 800 milhões, posa em um bordel alemão do qual ele já foi um dos donos.

Em outra, Imelda Marcos, a ex-primeira-dama das Filipinas acusada de roubar bilhões das arcas públicas, está sentada no apartamento dela em Manila, com um Picasso com moldura de ouro, na parede.

Mais adiante, Huang Qiaoling, um bilionário chinês de 43 anos, é fotografado andando de sua mansão, construída como uma réplica de tamanho natural da Casa Branca, até seu Mercedes Classe S com motorista.

Dúzias de outras imagens igualmente pródigas e desconcertantes ocupam as páginas de "Generation Wealth" (Phaidon, 2017), uma monografia de 504 páginas feita por Lauren Greenfield que será publicada em 15 de maio.

Greenfield, fotógrafa que passou os últimos 25 anos documentando os símbolos de riqueza, classe e status, oferece um resumo dos hábitos de gastos de tribos ultrarricas: gerentes de hedge funds em Nova York como "Suzanne", seguida por Greenfield durante vários anos na sua tentativa de ter um filho; executivos do entretenimento como Brett Ratner, que aparece em St. Barts com um cartão American Express Platinum grudado na testa; industrialistas como Renzo Rosso, o bilionário italiano da indumentária, que mostra a academia doméstica da sua vila do século 18; e David Siegel, "o rei da copropriedade", que juntamente com sua esposa, Jackie, se transformaria no sujeito do documentário de Greenfield "Queen of Versailles".

As fotos de Greenfield, acompanhadas de ensaios e entrevistas, começam na década de 1990 em Los Angeles, no momento em que debutantes de Beverly Hills e rappers de Compton trocavam aspirações culturais e quando a cirurgia plástica estava indo além de socialites idosos e passando para adolescentes obcecadas com a imagem.

Uma adolescente de Malibu, fotografada em uma festa na piscina três dias depois de operar o nariz, diz: "Entre as minhas dez amigas, seis de nós operamos alguma coisa".

Fábula

Através da lente de Greenfield, a acumulação de riqueza parece mais um vício destrutivo do que um caminho ao progresso pessoal. "Ela não leva à realização pessoal ou financeira, e você acaba caindo", disse Greenfield, em entrevista por telefone de Los Angeles. "A trajetória dos últimos 25 anos não é sustentável em muitos níveis, ambientalmente, moralmente, espiritualmente ou em comunidades e famílias."

Não que Greenfield seja particularmente antimaterialista ou anticapitalista. Ela filma como documentarista, com empatia e sem julgar, quando encontra mulheres que usam cirurgias plásticas para lidar com conflitos familiares ou ladrões de colarinho branco como Jay Jones, o fundador da Commercial Financial Services, que perdeu sua fortuna de US$ 500 milhões, demitiu quase 4.000 funcionários e passou mais de três anos na cadeia após ser indiciado por uma conspiração por cometer fraudes. "Eu acho que o livro funciona como fábula", disse Greenfield.

Contudo, além desses exemplos extremos, aparece o que Greenfield descreve como a "homogeneização" da elite global. Há 50 anos, os ricos do mundo variavam segundo o país (se não a cidade ou a rua).

Hoje, disse Greenfield, "em St. Moritz, os russos se misturam com os franceses e com os britânicos. Todas as nacionalidades são bem-vindas para compartilhar champanhe e o que tiver, juntas". Em outras palavras, talvez os ricos não sejam como o restante de nós, mas eles são, pelo menos neste livro, muito parecidos entre si.