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Apple forma nova equipe com executivos de satélites do Google

Mark Gurman e Mark Bergen

24/04/2017 12h37

(Bloomberg) -- Após revolucionar os celulares, a Apple está testando carros autônomos e explorando a realidade aumentada. Contratações recentes sugerem que agora a empresa também está olhando para os céus.

A fabricante do iPhone recrutou executivos de satélites do Google para uma nova equipe de hardware, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. John Fenwick, que dirigiu as operações com espaçonaves do Google, e Michael Trela, diretor de engenharia satélite, trocaram o Google, unidade da Alphabet, pela Apple nas últimas semanas, disseram as pessoas. Eles se reportam a Greg Duffy, cofundador da Dropcam, fabricante de câmeras que se uniu à Apple neste ano, segundo as pessoas. Elas pediram anonimato por comentar planos privados da Apple. Porta-vozes da Apple e do Google não quiseram comentar. Fenwick, Trela e Duffy não deram retorno a pedidos de comentários.

Com as contratações, a Apple incorpora à sua equipe dois especialistas no campo de design e operação de satélites, que é exigente e caro. No momento, esses empreendimentos normalmente se encaixam em duas áreas: satélites para compilar imagens e para comunicações.

Em um fato relevante do ano passado, a Boeing detalhou um plano para fornecer acesso à banda larga por meio de mais de 1.000 satélites na órbita terrestre baixa. A empresa aeroespacial conversou com a Apple a possibilidade de a empresa de tecnologia ser investidora e sócia no projeto, disse uma pessoa familiarizada com a situação. Não se sabe se as negociações produzirão um acordo.

Na conferência anual Satellite 2017 em Washington no mês passado, membros do setor disseram que o projeto da Boeing estava sendo financiado pela Apple, escreveu recentemente em um blog Tim Farrar, consultor de satélites e telecomunicações da TMF Associates. Um porta-voz da Boeing não quis comentar.

"Não é difícil entender por que a Apple cogitaria ter uma constelação de satélites", escreveu Farrar, que mencionou uma matéria do Wall Street Journal que afirma que a Space Exploration Technologies, de Elon Musk, projetou uma receita de US$ 30 bilhões com a internet por satélite em 2025.

Um atrativo para empresas de tecnologia como Apple, Google e Facebook é conectar bilhões de pessoas que ainda não têm acesso à internet. Os serviços de banda larga que estão sendo explorados pela Boeing e por outras teriam pouca latência e velocidades superiores às dos atuais sistemas de telefonia celular. "Existe uma nova onda de entusiastas que não se inibem com os duros impasses do passado", disse Roger Rusch, diretor da consultoria de satélites TelAstra.

Contudo, Farrar, da TMF, disse que não há garantia de que a Apple se envolverá no projeto da Boeing. O setor de satélites está cheio de falências e outros fracassos. A Iridium, uma empresa de telefonia por satélite, solicitou recuperação judicial em 1999, e a Teledesic abandonou seu plano de "internet do céu" há mais de uma década.

De fato, talvez a Apple tenha contratado os executivos da Google para outra coisa, não para o trabalho com satélites. A empresa já está tentando utilizar drones para captar e atualizar informações de mapas mais rapidamente do que com sua frota atual de minivans equipadas com câmeras e sensores. E em 2015, ela adquiriu a Aether Industries, que desenvolve tecnologia de espaço próximo, como transreceptores de rádio de alta largura de banda e balões de altitude elevada.