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Reino Unido perderá liderança em IA com Brexit, dizem cientistas

Jeremy Kahn

25/04/2017 09h30

(Bloomberg) -- Um grupo de renomados acadêmicos e executivos do setor de tecnologia teme que a saída do Reino Unido da União Europeia possa comprometer a liderança britânica no desenvolvimento de tecnologias de aprendizado de máquina.

Os pesquisadores britânicos desempenharam um papel fundamental nos avanços em aprendizado de máquina -- um tipo de inteligência artificial no qual o software aprende com base na experiência ou nos dados. Mas à medida que a demanda por conhecimento relacionado se prolifera por diferentes setores o país enfrenta uma "escassez substancial de habilidades nesta área", concluiu um relatório publicado na terça-feira pela The Royal Society, uma das mais antigas e conhecidas organizações científicas do mundo.

Sem mencionar o Brexit especificamente, o relatório deixa implícito que a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia pode piorar essa escassez de talentos.

"No momento em que considera sua abordagem futura para a política de imigração, o Reino Unido precisa garantir que os sistemas de pesquisa e de inovação continuarão sendo capazes de ter acesso aos talentos de que precisam", afirma o relatório.

O Reino Unido abriga uma série de startups destacadas de tecnologia que incorporaram aspectos de IA e acabaram sendo adquiridas por empresas de tecnologia dos EUA, o que inclui a compra da startup de inteligência artificial Magic Pony Technology, com sede em Londres, pelo Twitter, em junho, a venda da empresa de processamento de linguagem SwiftKey à Microsoft, em fevereiro de 2016, e a aquisição da startup de IA de Londres DeepMind pela Alphabet, por 400 milhões de libras, em 2014.

A SoftBank Group está próxima de fechar um investimento na Improbable Worlds, uma startup de realidade virtual com sede em Londres apoiada pela empresa de capital de risco dos EUA Andreessen Horowitz, disseram pessoas com conhecimento do assunto.

Peter Donnelly, professor de genética e ciência estatística da Universidade de Oxford e líder do relatório, disse que as empresas startups britânicas envolvidas em aplicações de aprendizado de máquina veem o acesso contínuo aos talentos como "fundamental".

O grupo de trabalho estava composto por 14 pesquisadores, sendo que uma série deles trabalha para empresas de tecnologia de ponta, como Demis Hassabis, cofundador e CEO da DeepMind, Neil Lawrence, professor da Universidade de Sheffield que atualmente trabalha como diretor de aprendizado de máquina da Amazon, e Zoubin Ghahramani, professor da Universidade de Cambridge que é também cientista-chefe da Uber.

O grupo de trabalho também expressou temor de que a melhora da produtividade econômica resultante do aprendizado de máquina possa levar a uma desigualdade maior. "Boa parte do benefício poderá ir para um pequeno grupo de indivíduos ou companhias e os demais perderão empregos ou enfrentarão uma redução nos padrões de vida", afirma o relatório. "A sociedade precisa refletir urgentemente sobre as formas de compartilhar os benefícios do aprendizado de máquina."

O relatório recomendou mais financiamento do governo para candidatos a doutorados e cursos de mestrado e que o aprendizado de máquina seja incorporado ao currículo escolar do Reino Unido, incluindo uma ênfase nas implicações éticas e sociais do aprendizado de máquina e do big data.