Agricultores dos EUA procuram reduzir poluição dos arrozais
(Bloomberg) -- Gerações de produtores de arroz do Arkansas, nos EUA, que cultivavam as várzeas próximas do Rio Mississipi tinham poucos motivos para prestar atenção na quantidade de água ou em seu impacto na mudança climática. Mas com Dan Hooks foi diferente.
Desafiando a prática comum de alagar constantemente os campos -- que gera metano e transforma o arroz no maior emissor de gases de efeito estufa entre os cultivos dos EUA --, durante três anos Hooks experimentou uma técnica com pouca utilização de água em 202 hectares de arroz. Ao possibilitar que o cultivo secasse antes de irrigá-lo novamente, ele reduziu pela metade a utilização de água e economizou dinheiro sem prejudicar o rendimento.
"Se os agricultores não estivessem dispostos a mudar, nós ainda estaríamos usando mulas", disse Hooks em entrevista por telefone de Slovak, Arkansas, a cerca de 113 quilômetros a oeste do Rio Mississipi, o maior rio dos EUA e uma fonte de água para milhões de pessoas. "Estou feliz de ser uma cobaia."
Os combustíveis fósseis como o petróleo e o carvão são os principais responsáveis pela mudança climática e pela poluição, mas a agricultura também contribui para o problema. Os agricultores americanos -- os maiores produtores mundiais de grãos -- são responsáveis por 9 por cento de todas as emissões de gases de efeito estufa dos EUA, e o arroz gera o triplo por hectare do que o milho e o quíntuplo do que o trigo, segundo um estudo da Universidade de California-Davis em 2012.
Técnica
A técnica usada por Hooks, chamada Alternate Wetting Drying (AWD), reduz as emissões de metano e o uso de água e de fertilizantes. O conceito foi desenvolvido há três décadas na África e popularizado na Ásia na década de 1990. Agora ele está sendo aplicado nos EUA, em 14.160 hectares do sudeste do Missouri até o litoral da Luisiana no Golfo do México, por fazendeiros que se chamam a si mesmos de Nature's Stewards (Guardiões da Natureza). O grupo acha que mudar o modo de cultivar arroz poderia significar um futuro com menos emissões de carbono para o Delta do Mississipi, a maior região de cultivo.
Talvez eles tenham razão. Mas se não houver mais incentivos -- uma escassez prolongada de água, por exemplo, ou impostos e taxas ligados às emissões --, pode ser difícil que os novos métodos conquistem mais seguidores entre os agricultores tradicionais.
O futuro
O Nature's Stewards tenta fornecer evidências de que o AWD pode fazer sentido economicamente para os produtores de arroz, segundo Dennis Carman, um assessor que é engenheiro-chefe e diretor do White River Irrigation District em Hazen, Arkansas. A iniciativa conta com a ajuda de subvenções da Winrock International, com sede em Little Rock, do Environmental Defense Fund, do Departamento de Agricultura dos EUA e de outros.
"Este é o método do futuro", disse Jim Whitaker, que cultiva 2.300 hectares de arroz perto de McGahee, Arkansas, a cerca de 160 quilômetros a sudeste de Little Rock. "A nossa abordagem da sustentabilidade visa o aspecto social, o econômico e o ambiental. Se usamos menos, geramos créditos de carbono, reduzimos nossas emissões de gás metano. Estamos economizando de verdade, colocando dinheiro no bolso das famílias de agricultores e melhorando a sociedade."
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