Gigantes do varejo e fast food disputam pessoal nos EUA
(Bloomberg) -- Clientes o xingaram e jogaram sorvete nele. Don-Wesley Andrews acabou chegando a seu limite. Ele pediu demissão do McDonald's em Sacramento, Califórnia, e foi trabalhar no Wal-Mart.
Como muitos outros americanos, Andrews, 22 anos, melhorou de vida simplesmente por trocar o setor de comida rápida pelo comércio. Horário de almoço mais longo, férias remuneradas e até mesmo um bônus trimestral ? sem roupas impregnadas do cheiro de batata frita.
"O Wal-Mart não é perfeito, mas, em comparação com o setor de comida rápida, é muitíssimo melhor", disse Andrews.
Muito se fala sobre a morte do setor varejista, diante do fechamento de shoppings e da crise que assola redes emblemáticas, como Sears Holdings e J. Crew. No entanto, gigantes mais saudáveis do ramo de megalojas, como Wal-Mart Stores e Costco Wholesale, continuam com uma necessidade crônica de funcionários, pelo menos por enquanto. O número de empregos no varejo dos EUA foi mais ou menos o mesmo no ano passado em comparação com 2015, segundo o Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês) desse país. Na verdade, o que está atormentando os varejistas é a rotatividade anual ? a 65 por cento, é a mais alta depois da Grande Recessão ? que faz com que seja necessário continuar contratando. As redes estão tão sedentas por bons funcionários que estão roubando trabalhadores dos restaurantes de comida rápida.
"Esses empregos tendem a ser mais transitórios, mais fluidos, e por isso a tendência é que a rotatividade seja maior", disse Michael Harms, da empresa de pesquisa TDn2K, com sede em Dallas. "Apesar de vermos manchetes que afirmam que o varejo está morrendo e que os robôs estão chegando, muitas coisas ainda precisam de pontos de interação com seres humanos. É uma briga de foice por funcionários bons."
As lojas levam vantagem em termos de remuneração. A mediana do salário de vendedores do comércio nos EUA é de US$ 10,37 por hora, e a dos trabalhadores do setor de alimentos, inclusive dos restaurantes de comida rápida, é de US$ 9,35, de acordo com novos dados do BLS.
Andrews disse que ganha US$ 12,12 por hora em seu novo emprego. Talvez não seja coincidência que o Wal-Mart, o maior empregador privado dos EUA, tenha gerado cerca de 200.000 empregos nos EUA durante a última década.
Ao mesmo tempo, o setor de alimentos do país enfrenta dificuldades. As vendas nas mesmas lojas referentes a março caíram 0,6 por cento, o quarto mês consecutivo de declínios, de acordo com dados da empresa de pesquisa MillerPulse. Os lucros estão sendo abalados pelos custos adicionais de atrair e reter funcionários para preparar hambúrgueres, armar sanduíches e assar pizzas.
Sem dúvida, é isso o que está acontecendo em Sacramento, onde muitos dos colegas de Andrews no Wal-Mart costumavam servir burritos e chalupas.
"A gente brincava dizendo que eles tinham roubado metade dos funcionários do Taco Bell", disse ele. "Tem muita gente que costumava trabalhar no setor de comida rápida e passou para o varejo."
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