Análise: Fed está cometendo um erro de US$ 2 trilhões
(Bloomberg) -- Em algum momento no final deste ano ou início do ano que vem, o banco central dos EUA pretende realizar uma manobra sem precedentes: reduzir a montanha de títulos que acumulou para sustentar a economia na última década. Vejo nisso um erro conceitual e de implementação.
É provável que a redução seja substancial. Integrantes do Federal Reserve sugeriram que seria adequado reduzir o balanço patrimonial --que hoje passa de US$ 4 trilhões-- em US$ 2 trilhões ou mais nos próximos anos. O principal ponto do plano é permitir o vencimento dos títulos sem substituí-los por novas compras.
Mesmo aceitando a hipótese de que o Fed deve almejar um balanço menor, permitir essa evolução seria um erro. Os ativos consistem principalmente de títulos lastreados em hipotecas, cuja taxa de vencimento depende de quando as pessoas decidem quitar seus financiamentos imobiliários
(ao vender ou refinanciar suas casas). Assim, o banco central pode perder o controle de uma ferramenta importante de política monetária. Se muita gente decidir pagar de repente, o total de ativos em poder do Fed diminuiria e a política monetária seria efetivamente restrita. Reduzir os ativos por meio de vendas deliberadas e que levam em conta as condições econômicas seria uma abordagem melhor.
Dito isso, é difícil entender porque o Fed gostaria de reduzir seu balanço patrimonial. Ao optar por uma posição "neutra", consistente com o objetivo duplo de desemprego baixo e inflação em 2 por cento, a instituição fica com basicamente duas opções: balanço menor e juros relativamente baixos ou balanço maior e juros relativamente altos.
O que é melhor? A primeira abordagem exigiria aumento do balanço por meio da compra de muitos ativos sempre que houver uma recessão profunda - trajetória que costuma gerar intensa resistência política (Sarah Palin, uma das líderes do Partido Republicano, disse que o então presidente do Fed, Ben Bernanke, deveria "parar e desistir" quando o banco central introduziu a segunda rodada de compras de títulos, em novembro de 2010). Já a segunda abordagem permitiria ao Fed se preparar agora ao manter um balanço patrimonial grande. A instituição pode compensar qualquer pressão inflacionária resultante por meio da alta das taxas de juros de curto prazo - trajetória que vem com a vantagem adicional de criar mais espaço para corte dos juros quando vier a próxima recessão.
É fato que manter um balanço patrimonial grande aumenta o ônus do Fed. Por exemplo, à medida que a economia cresce, o banco central precisaria expandir seus ativos para garantir que o montante não seja pequeno demais para enfrentar riscos de recessão.
Em vez de encolher o balanço, é isso que os integrantes do Fed deveriam começar a elaborar e comunicar.
Esta coluna não necessariamente reflete a opinião do comitê editorial, da Bloomberg LP e seus proprietários.
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