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Alibaba e Tencent resistem à desaceleração da economia chinesa

Lulu Yilun Chen

17/05/2017 14h41

(Bloomberg) -- Os titãs da internet na China estão prestes a fornecer provas de que os gastos on-line continuam a resistir à desaceleração na segunda maior economia do mundo.

A Alibaba Group Holding e a Tencent Holdings ? as forças dominantes no comércio e nos jogos virtuais chineses, respectivamente ? devem registrar crescimento de mais de 40 por cento nas vendas quando divulgarem seus resultados trimestrais nesta semana, superando a Amazon e a Alphabet. Com valores de mercado de mais de US$ 300 bilhões cada, essas empresas atualmente são as maiores da China, o que salienta a ascensão da nova economia enquanto a indústria tradicional cambaleia.

A riqueza da classe média está alimentando o crescimento em negócios centrais, embora Alibaba e Tencent estejam direcionando bilhões em apostas de mais longo prazo no entretenimento estilo Hollywood e nas finanças na web. A Tencent fez sucesso com o novo jogo para celular "Honor of Kings", e a Alibaba provavelmente se beneficiou da expansão constante de seu site de compras Tmall. A receita da Tencent deverá crescer 45 por cento no trimestre de março, para 46,3 bilhões de yuans (US$ 6,7 bilhões), a média das estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg. As vendas do Alibaba poderiam subir 48 por cento, para 35,9 bilhões de yuans.

"A economia geral pode estar ficando mais lenta, mas o entretenimento é anticíclico, e Alibaba e Tencent estão nesse ponto ideal", disse Shi Jialong, analista da Nomura International HK em Hong Kong. "Para a Alibaba, são bens físicos, nas compras. Para a Tencent, são bens virtuais nos jogos."

A Tencent, dona da plataforma de mensagens WeChat, divulgará seus resultados após o fechamento do mercado na quarta-feira, e a Alibaba informará um dia depois. As ações do gigante das redes sociais chegaram a avançar 0,9 por cento.

Alibaba e Tencent exemplificam o quanto as famílias do País permanecem robustas mesmo enquanto os líderes políticos da China se esforçam para que a economia se volte aos serviços, não à indústria pesada. Esse afastamento dos setores fabris ajudou a Tencent e a Alibaba a se tornarem as corporações mais valiosas da China, um forte contraste em relação há apenas cinco anos atrás, quando nenhuma empresa de tecnologia sequer chegou ao top 10.

As companhias web estão resistindo à desaceleração porque mais pessoas buscam bens e entretenimento na internet. Na semana passada, o segundo maior site de comércio eletrônico, JD.com, registrou seu primeiro lucro como uma empresa de capital aberto. As vendas de bens pela internet deram um salto de 25,9 por cento nos primeiros quatro meses, e as vendas de serviços subiram 55,9 por cento, ultrapassando a expansão de 10,2 por cento no consumo geral, de acordo com dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China na segunda-feira. Só no Tmall, da Alibaba, as transações podem ter crescido 25 por cento no trimestre de março, disse a analista do Citigroup Alicia Yap em um relatório de abril.

"O mercado terá uma surpresa positiva com o crescimento constante da receita de comissões", escreveu Shi, da Nomura, em um relatório anterior aos resultados. "O crescimento [das transações] para o Tmall tem sido mais resistente que a expectativa do mercado."