Inflação não anda cooperando com o Fed: Bloomberg Prophets
(Bloomberg) -- Os dados de inflação não dão alívio ao banco central dos EUA no processo de normalização da política monetária.
O Federal Reserve tem três reações possíveis ao pouco avanço dos índices de preços. Primeiro, redefinir o quanto os dados podem ficar abaixo da meta. Segundo, caracterizar os dados ruins de inflação como transitórios e focar no pleno emprego. Terceiro, reavaliar a estimativa para o pleno emprego e as subsequentes implicações para a trajetória da taxa básica de juros.
Os sinais iniciais são de que o Fed vai tentar uma combinação das duas primeiras opções, o que significa que o mais provável ainda é o aumento dos juros em junho. Porém, se a inflação permanecer baixa no segundo semestre, a instituição eventualmente adotará a terceira opção e reduzirá a trajetória esperada de aperto monetário.
Por ora, é de se esperar que a comunicação do Fed descarte esta opção.
Então o título deste artigo não procede? O Fed prefere que tudo evolua desta maneira. Diante dos dados do PIB do primeiro trimestre e do desemprego baixo, o banco central vai tentar concluir que os resultados fracos dos índices de preços recentemente são temporários e, portanto, que o cenário central continua válido. E junho será a próxima oportunidade para apertar a política monetária.
Contudo, esta é uma abordagem um pouco arriscada. Pouco se falou sobre isso, mas talvez a economia tenha se distanciado do mandato do Fed em março. Inflação e desemprego estão baixos demais.
O desemprego baixo pede aperto da política monetária, mas a inflação baixa pede o oposto. O Fed deu prioridade à primeira variável, teorizando que uma economia que opera além do pleno emprego pressiona a inflação para cima.
Esta teoria está sendo testada ? ou pelo menos a estimativa do Fed para o pleno emprego está em xeque. A previsão mediana atual, de 4,7 por cento, começa a parecer alta demais. E definitivamente será alta demais se as tendências atuais de queda do desemprego e inflação baixa se mantiverem no segundo semestre. O Fed precisaria ceder novamente e admitir que sua estimativa para o pleno emprego segue pessimista demais.
Talvez os integrantes do Fed recusem esta interpretação. Afinal, neste momento, não estão recuando nos esforços de apertar a política monetária. "Estamos bem perto do pleno emprego", declarou o responsável pelo escritório do Fed em Nova York, William Dudley, em 11 de maio.
"A inflação está só um pouco abaixo da nossa meta de 2 por cento quando se olha para a tendência de inflação subjacente, então, claramente, se a economia crescer acima do potencial, nós vamos querer remover gradualmente a acomodação da política monetária."
Esta frase é reveladora. Quando se olha para a tendência de inflação subjacente, o núcleo do gasto pessoal (PCE) subiu 1,6 por cento nos 12 meses até março. Dudley descreve essa diferença como "só um pouco" abaixo da meta do Fed, de 2 por cento. Assim, em vez de considerar que a estimativa do banco central para o pleno emprego é alta demais, Dudley efetivamente declarou "missão cumprida" em seus dois mandatos.
E enquanto o Fed mantiver a leitura de "missão cumprida", vai defender a atual projeção de mais dois acréscimos nos juros neste ano e, provavelmente, também medidas que afetem seu balanço patrimonial. O Fed parece comprometido com esse plano contanto que a economia como um todo e a geração de empregos permaneçam nos eixos. Aparentemente, a inflação será uma preocupação secundária enquanto o banco central puder argumentar com credibilidade que a previsão aponta para um retorno para a meta de 2 por cento no médio prazo.
Eventualmente, o Fed vai voltar a dar atenção a temores de que o não cumprimento da meta de inflação repetidas vezes vai ancorar as expectativas longe a meta. Mas este dia ainda não chegou.
É possível que os integrantes do banco central mudem de opinião no segundo semestre. Se isso não acontecer mesmo com a inflação permanecendo baixa, talvez o Fed se coloque muito à frente da curva em pouco tempo.
Esta coluna não necessariamente reflete a opinião do comitê editorial, da Bloomberg LP e seus proprietários.
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