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Serviço da Amazon dá destaque a Starz e HBO na era da Netflix

Lucas Shaw, Nate Lanxon e Joe Mayes

23/05/2017 15h04

(Bloomberg) -- As empresas de mídia que esperam desafiar a Netflix e o YouTube com seus próprios serviços on-line estão ganhando um valioso empurrãozinho de uma fonte inesperada: a Amazon.

Há cerca de um ano e meio, o Amazon Prime vem promovendo assinaturas que vão desde os famosos canais HBO e Starz a serviços de nicho, como Gaia e Acorn TV, junto com suas próprias ofertas, como a premiada comédia "Transparent". Na segunda-feira, a maior loja virtual do mundo anunciou que a iniciativa se expandirá para o Reino Unido, a Alemanha e a Áustria, com entre 25 e 42 canais ao vivo e sob demanda de seus parceiros.

A Amazon Channels é o mais perto que os telespectadores podem chegar do sonho de uma TV à la carte, em que os assinantes escolhem as fontes de programação que desejam, em vez de comprarem um pacote da DirecTV ou da Sky que inclui canais que eles nunca assistem. O sucesso da iniciativa surpreendeu a empresa com sede em Seattle, que adiou os planos de seu próprio serviço e está criando novos canais dedicados a animes e Bollywood.

"Eles têm uma escala inigualável", disse Charley Humbard, CEO da Up Entertainment, uma programadora de cabo cujo serviço "Up: Faith & Family" fará parte da iniciativa de streaming do Reino Unido. "Esse poder reside nas relações com os assinantes Prime. Eles sabem o que os membros do Prime compram, como se comportam. Eles criaram uma plataforma que funciona."

A assinatura do Amazon Prime, que custa US$ 99 por ano, é uma característica fundamental e responsável pelo domínio que a loja virtual tem sobre o comércio eletrônico, porque oferece descontos no frete, armazenamento de fotos e serviços de música e vídeo. A companhia tinha 80 milhões de assinantes Prime nos EUA até 31 de março, 36 por cento mais que no ano anterior, de acordo com a Consumer Intelligence Research Partners. As assinaturas garantem fidelidade, o que dificulta a situação dos concorrentes.

"Este é o começo de algo grande, algo novo para nosso serviço", disse Alex Green, diretor administrativo da Amazon Video, em uma entrevista. O projeto de canais dos EUA "deu muito certo para a gente".

Vários dos canais disponíveis por meio da Amazon podem ser comprados de forma independente, mas a loja virtual aninha a programação dentro de seu aplicativo de vídeo e promove-a ali, instigando os clientes Prime a querer mais.

"Eles são espetaculares em encontrar um público, em encontrar alvos e vender para eles", disse Jeffrey Hirsch, diretor operacional da Starz, outra participante.

As ambições cada vez maiores da Amazon no campo do entretenimento colocam as empresas de mídia em uma situação difícil: lidar com um parceiro que, de certa forma, gastaria de tomar o lugar delas. Assim como a Netflix, a Amazon gasta bilhões de dólares anualmente em programas de TV e filmes para o Prime Video, que se expandiu mundo afora em dezembro. A companhia acaba de ganhar seu primeiro Oscar pelo drama "Manchester à beira-mar" e transmitirá ao vivo os jogos da Liga Nacional de Futebol Americano dos EUA a partir do quarto trimestre, após assinar um acordo de US$ 50 milhões com a Liga. A Amazon não quer simplesmente concorrer com a Netflix ou com a TV a cabo. Ela quer ser o único serviço de entretenimento de sua casa.