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Adolescentes não entendem de dinheiro, diz estudo da OCDE

Peter Coy

25/05/2017 12h11

(Bloomberg) -- Você mora na Zedlândia. Qual é o melhor negócio para fazer no mercado local: comprar tomates soltos por 2,75 zeds por quilo ou gastar 22 zeds em uma caixa de 10 quilos? Antes de responder, saiba que a Zedlândia não existe, nem uma moeda chamada zed. A pergunta faz parte de uma avaliação multinacional sobre a instrução financeira dos jovens de 15 anos. E eles não foram bem.

O que se viu foi que a maioria dos jovens não está pronta para administrar seu próprio dinheiro. Apenas 12 por cento atingiram o maior nível de instrução financeira e 22 por cento "pontuaram abaixo do nível básico de proficiência", segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que mantém o Programa Internacional para Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês). Os resultados do estudo foram divulgados em 24 de maio.

Os estudantes que estão no nível mais baixo de instrução financeira "não são capazes nem de reconhecer o valor de um simples orçamento ou de entender a relação entre o uso de um veículo e os custos gerados por isso", escreveu Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE, no prefácio do relatório.

Os adolescentes dos EUA terminaram pouco acima do nível intermediário do grupo. Mas as comparações internacionais são difíceis porque em alguns países uma parcela relativamente bem educada da população realizou o teste. Na China, cujos estudantes tiveram a maior pontuação, o teste foi administrado em Pequim, Xangai, Jiangsu e Guangdong. Em segundo lugar ficou a Comunidade flamenga da Bélgica, seguida das províncias canadenses participantes (Colúmbia Britânica, Manitoba, Nova Brunswick, Terra Nova e Labrador, Nova Escócia, Ontário e Ilha do Príncipe Eduardo), da Rússia, da Holanda e da Austrália.

Os pais não precisam que Gurría conte a eles que os jovens de 15 anos não têm noção de finanças. Uma descoberta interessante é que cerca de 38 por cento do desempenho no teste de instrução financeira não pode ser explicado pela capacidade do estudante em matemática e leitura. Isso significa que o jovem pode se sair bem em álgebra e geometria e ainda assim tomar decisões pessoais ruins no que diz respeito, por exemplo, ao uso de um cartão de débito pré-pago.

Outra descoberta é que 56 por cento dos estudantes têm conta bancária, mas que dois em cada três não têm capacidade de gerenciá-la e não conseguem interpretar um extrato bancário.

A resposta para a pergunta do tomate, é claro, é que o preço por quilo da caixa é menor que o dos tomates soltos. Mas isso pressupõe que você realmente precisa de 10 quilos de tomate. Na sequência há uma pergunta sobre por que "comprar uma caixa de tomates pode ser uma decisão financeira ruim para algumas pessoas". Os estudantes recebiam a nota máxima se dissessem que os tomates podem estragar antes de serem usados, mas nenhum crédito se escrevessem que "algumas pessoas não gostam de tomate".