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Morgan Stanley vai turbinar 16 mil consultores com algoritmos

Hugh Son

31/05/2017 13h28

(Bloomberg) -- Eles se tornarão verdadeiros ciborgues. O Morgan Stanley vai turbinar a capacidade de seus 16.000 consultores financeiros com algoritmos de aprendizado de máquina que sugerem transações, cuidam de tarefas rotineiras e até lembram datas de aniversário.

Enquanto outras firmas do ramo lançam plataformas totalmente automatizadas chamadas consultores-robôs, uma das maiores instituições financeiras do mundo pretende elevar o nível de seu quadro de pessoal. Seu raciocínio é que seres humanos com assistentes algorítmicos serão uma solução melhor para famílias abastadas do que simples versões de software que alocam ativos para as massas.

No Morgan Stanley, os algoritmos enviarão aos funcionários recomendações de múltipla escolha com base em eventos como mudança nos mercados e acontecimentos importantes na vida de um cliente, de acordo com Jeff McMillan, diretor de dados e análise da divisão de gestão de fortunas. Interações por telefone, e-mail e website serão catalogadas, de modo que programas de aprendizado de máquina poderão aprimorar e acompanhar a evolução de suas sugestões para gerar mais negócios junto aos clientes, ele explicou.

"Estamos desesperadamente tentando encontrar seu padrão e seu padrão de comportamento para lhe agradar com algo que talvez você nem esteja pedindo, mas com base no que você vem fazendo, talvez possa enxergar valor", disse McMillan. "Não estamos tentando lhe vender algo, estamos tentando encontrar o que você quer e precisa."

Diante da concorrência com serviços automatizados (e mais baratos) de gestão de fortunas e das expectativas elevadas trazidas por empresas pioneiras como Uber Technologies e Amazon.com, as corretoras tradicionais estão começando a traçar seu futuro digital. A conclusão é que a grande esperança dos consultores humanos na disputa com os robôs é tirar proveito das mesmas tecnologias que os ameaçam: algoritmos aliados a big data e aprendizado de máquina.

Os consultores ? que costumam construir relacionamentos com centenas de clientes ao longo de décadas ? se deparam com uma quantidade assustadora de informações sobre os mercados e a vida de seus clientes abastados. O Morgan Stanley, sediado em Nova York, pretende dar aos humanos uma vantagem ao sugerir que iniciem o engajamento nas horas certas.

"A tecnologia pode ajudá-los a entender o que está acontecendo na carteira deles e com seus clientes, seja contrair um financiamento imobiliário, lidar com a morte do pai ou da mãe ou comprar ações da IBM", disse McMillan. "Coletamos tudo isso e criamos uma pontuação referente ao benefício que seria gerado para o cliente e a probabilidade de ele aceitar uma transação."

O Morgan Stanley iniciará um programa-piloto com 500 consultores em julho e espera que todos estejam usando o sistema até o fim do ano.

E mais ferramentas high-tech vêm por aí. McMillan e colegas estão trabalhando em um assistente de inteligência artificial - uma espécie de Siri (a assistente do iPhone) para corretores - que pode responder a perguntas depois de realizar buscas na enorme biblioteca de pesquisas da casa (o banco produz 80.000 relatórios de pesquisa por ano). A instituição também está automatizando processos que ainda usam muito papel, como transferências entre contas, e criando um registro digital de documentos de clientes, como testamentos e declarações de imposto de renda.

Como os consultores mais estabelecidos costumam ser mais velhos, o Morgan Stanley está contratando gente para treiná-los.

A tecnologia significa que a distribuição de poder entre consultores financeiros e seus empregadores pode mudar pela primeira vez em décadas. Por muito tempo, consultores de primeira linha conseguiam bônus multimilionários quando iam trabalhar para um concorrente. Esse movimento se desacelerou muito neste ano por causa de um novo marco regulatório e agora a tecnologia pode intensificar essa tendência, segundo Kendra Thompson, diretora-gerente da Accenture.