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Opep enfrenta ameaça de projetos mais baratos em águas profundas

Serene Cheong, Sharon Cho e Dan Murtaugh

31/05/2017 11h03

(Bloomberg) -- O anúncio do fim da perfuração em águas profundas em um mundo onde o petróleo custa menos de US$ 100 talvez tenha sido um exagero, para grande consternação da Opep.

A extração de petróleo bruto de leitos marinhos a milhares de metros de profundidade está barateando à medida que produtores aperfeiçoam operações e priorizam a perfuração nos principais poços, segundo a Wood Mackenzie. Isso significa que um petróleo a US$ 50 por barril poderia sustentar alguns desses projetos até o ano que vem, frente a um preço médio de equilíbrio de cerca de US$ 62 no primeiro trimestre e de US$ 75 em 2014, segundo estima a consultoria de energia.

A forte queda dos custos representa mais um desafio à Organização de Países Exportadores de Petróleo, que atualmente está reduzindo a produção para diminuir o excesso. Em 2014, quando o boom do xisto americano provocou a forte queda nos custos de mais de US$ 100 por barril, a organização mudou a estratégia de extrair à vontade para defender a participação no mercado e frear projetos com custos altos. Em fevereiro de 2016, Ali Al-Naimi, ex-ministro de Energia da Arábia Saudita, país-membro da Opep, disse que esses produtores precisavam "baixar custos, tomar dinheiro emprestado ou liquidar".

"Ainda há vida nas águas profundas", disse Angus Rodger, diretor de pesquisa sobre exploração e produção de petróleo na região Ásia-Pacífico da Wood Mackenzie em Singapura. "Quando os preços do petróleo caíram, muitos projetos foram adiados, mas os primeiros a serem adiados estavam em águas profundas, porque os preços de equilíbrio gerais eram mais altos. Hoje, em 2017, estamos observando sinais de que os melhores estão retornando."

Queda nos custos

A queda nos custos torna mais provável que investidores aprovem a extração de petróleo bruto desses grandes projetos em águas profundas, cujo processo é mais complexo e arriscado do que perfurar campos tradicionais no solo. Isso poderia gerar concorrência com o petróleo da Opep para preencher futuras lacunas na oferta, que segundo a organização ocorrerão à medida que a demanda aumentar e a produção dos poços atuais diminuir naturalmente.

Os custos de produção do petróleo de xisto agora estão subindo, enquanto que as despesas ligadas à perfuração em águas profundas finalmente estão caindo, disse Rodger, da Wood Mackenzie. As taxas de aluguel de sondas de perfuração caíram pela metade desde 2014 e as empresas estão fazendo novos designs de seus projetos para torná-los mais eficientes em termos de custos em vez de maximizar a produção.

"A curva de custos para as águas profundas é muito mais alta, mas com o tempo ela vai baixar e com o tempo a curva de custos do petróleo de xisto vai subir um pouco", disse Rodger. "Portanto, ainda há muita distância entre as duas, mas agora elas estão se aproximando."