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Titãs paralisam startups de carros autônomos de ex-funcionários

Alex Webb

31/05/2017 13h48

(Bloomberg) -- As maiores empresas da crescente indústria de carros autônomos do Vale do Silício têm um alerta para seus principais engenheiros: se quiserem sair para montar suas próprias empresas, tenham cuidado.

Anthony Levandowski, um engenheiro pioneiro do ramo de carros autônomos, se transformou na vítima mais famosa dessa abordagem cada vez mais litigiosa depois que a Uber Technologies o demitiu em meio a uma batalha legal contenciosa. O projeto de carros autônomos da Alphabet, atualmente chamado Waymo, processou a Uber alegando que Levandowski roubou parte de sua tecnologia básica e a levou à empresa de carona compartilhada quando esta adquiriu a startup do engenheiro. Levandowski se negou a prestar depoimento no caso.

"Podemos considerar isso um tiro de advertência. As empresas estão dizendo que não vão tolerar esse tipo de comportamento", disse Michael Dovorany, consultor da CarLab em Los Angeles. "No passado realmente não se respeitavam muito os acordos de não competência. Agora estamos vendo a situação se inverter."

Quando a General Motors pagou US$ 581 milhões pela Cruise Automation, no ano passado, diversos engenheiros perceberam que poderiam ganhar mais se criassem suas próprias empresas em vez de continuarem sendo empregados de uma companhia maior. A Tesla e a Waymo começaram a perder muitos de seus melhores empregados e o número de licenças para testes de carros autônomos concedidas na Califórnia disparou, passando de cerca de uma dúzia para 30 empresas no intervalo de um ano.

Vários desses engenheiros enfrentaram pressão legal de seus antigos empregadores que estão tentando ganhar uma vantagem em um setor que, segundo estimativa da McKinsey & Co., valerá US$ 6,7 trilhões em 2030.

A Waymo alega que Levandowski roubou propriedade intelectual básica da empresa quando a deixou para criar a Otto, a startup posteriormente adquirida pela Uber por cerca de US$ 700 milhões. A Tesla, por sua vez, chegou a um acordo extrajudicial em abril com Sterling Anderson, ex-diretor de seu programa Autopilot. Anderson criou uma empresa chamada Aurora Innovation no início do ano com Chris Urmson, ex-chefe do programa de carros autônomos do Google. A Tesla havia afirmado que Anderson violou seu contrato ao criar a Aurora e recrutar engenheiros da empresa liderada por Elon Musk.

Os mercados de smartphones, computadores e tablets estão "muito maduros, enquanto o mercado de carros autônomos é algo totalmente novo", disse Bob O'Donnell, presidente e analista-chefe da Technalysis Research. "Esta é uma oportunidade real para essas empresas de tecnologia, por isso elas estão tomando o assunto com tanta seriedade."

Mas alguns conseguiram driblar os advogados das empresas de tecnologia. Bryan Salesky e Peter Rander, ex-líderes das equipes de carros autônomos da Uber e do Google, conseguiram um investimento de US$ 1 bilhão da Ford Motor em fevereiro para a empresa deles, a Argo AI. A startup com sede em Pittsburgh, EUA, busca construir cérebros para um carro autônomo.

"Parece realmente que algumas poucas pessoas construíram um nome neste campo", disse Dovorany, da CarLab. "O valor delas é realmente grande."