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Jovens britânicos se vingam de pais e avós na arena política

Joe Mayes, Svenja O'Donnell e Charlotte Ryan

09/06/2017 11h49

(Bloomberg) -- A rebeldia juvenil era uma caixinha de surpresas nesta eleição britânica e pode ter ajudado a causar mais um transtorno no Reino Unido.

A revolta política desde que o país optou nas urnas por sair da União Europeia no ano passado se origina das áreas de conflito em todo o país que a primeira-ministra Theresa May interpretou mal e que o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, parece ter entendido bem.

O Brexit, junto com os cortes de gastos e o pagamento de pensões, provocou um conflito entre as gerações. Os jovens britânicos, antes apáticos, apoiaram o grito de guerra esquerdista de Corbyn e levaram "Liar, Liar", o hino da oposição que chama May de mentirosa, ao topo das paradas, com 2,6 milhões de visualizações no YouTube.

"Eu queria ver Theresa May ficar um pouco abalada", disse George Hames, 20, que votou no Partido Trabalhista em Londres. "O modo em que Corbyn conseguiu explicitar o contraste que há entre ele e May: ele deu às pessoas um motivo para votar, não só em termos pragmáticos, mas porque isso pode mudar o mundo."

Após o referendo do ano passado, ocorreram protestos em algumas cidades com cartazes com frases como "Você roubou meu futuro". A votação de quinta-feira foi uma ação que falou mais alto que as palavras, porque Corbyn atraiu os estudantes com promessas como recuperar a gratuidade em universidades e acabar com a austeridade, o que provocou um aumento no número de jovens que se registrou para votar.

Jovens com Corbyn

Amy Grant, uma atriz de 28 anos que apoia o Partido Trabalhista, disse que nunca havia ido a um comício político antes de Corbyn. "Ele é o único político que fala para minha geração", disse ela. "Ele é o único que não faz jogo de cena ? ele diz o que pensa."

Em uma reação reveladora, a quantidade de jovens do Reino Unido que tentou se registrar para votar antes da eleição geral foi maior que antes do referendo do Brexit. Cerca de 2 milhões de pessoas de até 34 anos tentaram se inscrever durante as cinco semanas anteriores ao prazo final do registro, dia 22 de maio, 20 por cento a mais que no período comparável antes do referendo sobre a permanência na UE, mostram dados do governo do Reino Unido.

"Existe um enorme abismo entre os jovens e os velhos agora", disse Nick Clegg, ex-líder dos Liberais Democratas que voltou atrás com a promessa de campanha de não elevar os custos do ensino para os estudantes universitários, ao perder seu lugar para um candidato do Partido Trabalhista na cidade de Sheffield. "Precisamos tentar estabelecer uma comunicação com o outro lado, chegar a um consenso e curar as feridas."

Alex Salmond, ex-líder do Partido Nacionalista Escocês, considera que o voto no partido trabalhista foi uma mensagem ao poder em Londres.

"Eles têm melhores políticas do que os conservadores em saúde, desigualdades, pensões", disse Douglas. "Além disso, Theresa May é tão desagradável".