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GE avisa à Boeing que quer ser fornecedora exclusiva do 797

Christopher Jasper, Benjamin Katz e Julie Johnsson

19/06/2017 12h40

(Bloomberg) -- A General Electric, a maior fabricante de motores de avião do mundo, afirmou que não está preparada para compartilhar com suas duas rivais a produção de turbinas para o avião de preço médio planejado pela Boeing.

Se a Boeing optar por várias fornecedoras, "não participaremos", disse David Joyce, diretor do braço de motores de aviões da GE, no Salão Aéreo de Paris. Ele acrescentou que a empresa ainda tem "cicatrizes" por ter sido uma das três fornecedoras de motor do avião A330 da Airbus há duas décadas.

A GE e sua rival americana, a Pratt & Whitney, estão trabalhando nos motores para o modelo proposto pela Boeing, mas a Rolls-Royce Holdings também quer entrar no programa para penetrar no mercado de aviões menores, cujo volume é maior, após se concentrar nos modelos de grande porte desde 2011. O avião, também chamado 797, poderia começar a operar em 2025 e provavelmente precisará de motores com entre 18.150 e 22.680 quilos de propulsão.

"Nós três gastamos muito dinheiro para criar um motor novinho em folha e, de repente, o mercado fica dividido", disse Joyce. "Você confere os retornos sobre isso e, a menos que encontre imediatamente várias outras aplicações para esse motor, você acaba em um mundo onde isso simplesmente não funciona."

A Boeing está analisando "três propostas técnicas muito interessantes" para o sistema de propulsão de seu próximo avião de passageiros totalmente novo, disse Kevin McAllister, diretor da divisão de aviões comerciais, na exposição de aviação.

A CFM International, uma joint venture entre a GE e a francesa Safran, garantiu a exclusividade para seu motor Leap na série de aviões aprimorados 737 Max da Boeing em 2011. A CFM também fornece o modelo para a família A320neo da Airbus, em concorrência com o motor turbofan engrenado (GTF) da Pratt. A GE é a única fornecedora do 777X da Boeing, de corredor duplo, e a Rolls tem exclusividade com o A330neo.

Setor lucrativo

A britânica Rolls-Royce ficou com uma grande parte do lucrativo setor de motores para aviões de longa distância com suas turbinas Trent e é fornecedora para aviões regionais e corporativos, mas os aviões de curta distância são a base do setor de empresas aéreas, com vendas muito superiores às de modelos maiores.

A Boeing, com sede em Chicago, dará mais informações sobre o avião de preço médio na terça-feira. O modelo terá cerca de 250 assentos e uma autonomia de 5.000 milhas náuticas, disse o CEO Dennis Muilenburg à Bloomberg TV nesta segunda-feira, em entrevista na exposição de aviação. Ele "poderia ter corredor duplo", mas "todas as opções" ainda estão sendo analisadas, disse ele.

O chefe de divisão McAllister não quis fornecer mais informações sobre a provável arquitetura do avião, alegando que "o jogo está só começando".