Visão de futuro da Boeing não tem lugar para o emblemático 747
(Bloomberg) -- A Boeing tem uma visão de futuro, e ela não inclui aviões jumbo de passageiros: nem seu emblemático 747 nem o Airbus A380.
A fabricante de aviões norte-americana eliminou a categoria reservada aos gigantes de quatro motores a partir de sua previsão anual para o mercado de aeronaves comerciais. Em vez disso, a Boeing projeta que as companhias aéreas usarão aviões de dois motores, mais eficientes, para voos de longa distância - como seu 787 Dreamliner, o 777X ou um avião de preço médio que está sendo projetado.
Ao excluir as chamadas aeronaves muito grandes de sua projeção de duas décadas para o mercado de aviões de passageiros, avaliado em US$ 6,05 trilhões, a Boeing afirmou que refletia uma realidade do mercado: há pouca ou nenhuma chance de reanimar as vendas desses modelos. A empresa com sede em Chicago e a Airbus já reduziram a produção de suas maiores aeronaves à medida que as encomendas diminuíram, e a Boeing alertou que poderá interromper a produção do 747.
"Não vemos muita demanda por aviões realmente grandes no futuro", disse Randy Tinseth, vice-presidente de marketing da Boeing, em um briefing antes do Salão Aéreo de Paris, que começou na segunda-feira. "Nós achamos difícil acreditar que a Airbus entregará o restante de seus A380s na carteira de pedidos."
A Airbus ainda vê um mercado de longo prazo para os aviões, embora não tenha registrado nenhuma venda do A380 no ano passado. A fabricante com sede em Toulouse, França, afirma que as companhias aéreas precisarão de aviões maiores à medida que o tráfego de passageiros dobra e o congestionamento limita o número de voos em grandes centros de operações, particularmente na Ásia e no Oriente Médio.
A empresa projeta vendas potenciais em todo o setor de 1.400 das aeronaves comerciais de maior porte, avaliadas em US$ 454 bilhões até 2037. O número contrasta com a projeção de 20 anos da Boeing, de 80 entregas, delineada por Tinseth nesta terça-feira em uma apresentação na exposição de Paris.
Fim da era jumbo
À medida que a era jumbo chega ao fim na Boeing, a fabricante de aeronaves vê o surgimento de um novo mercado para aviões de preço médio que se sobrepõem aos modelos maiores com um único corredor e aos menores do corredor duplo. Isso difere da posição da Airbus, que anunciou na exposição de Paris planos para aprimorar o A380 a fim de reanimar as encomendas.
"Eles apostaram no grande e pesado, nós optamos pelo pequeno e eficiente", disse Mike Delaney, vice-presidente e gerente-geral da Boeing para o desenvolvimento de aviões. "Vamos sobrevoar nossos concorrentes, colocar uma medida mais leve às coisas."
O avião que a Boeing está desenvolvendo acomodará entre 220 e 270 passageiros e voará cerca de 5.000 milhas náuticas. O objetivo é estimular o crescimento com as aéreas que evitam os centros de operações e voam direto para cidades menores em rotas que não são atendidas adequadamente pelas aeronaves atuais. Pense em voos entre Washington e Praga, Japão e Índia, ou dentro do "Triângulo de Ouro" da China, Xangai, Guangzhou e Pequim.
Tinseth projeta um mercado potencial de 4.000 a 5.000 vendas nesse segmento ao longo de 20 anos.
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