Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Bilionários, espiões: conheça o conselho de uma gigante russa

Stephen Bierman

21/06/2017 13h45

(Bloomberg) -- Uma combativa trader de commodities bilionária e um país que está no epicentro de uma turbulência política no Oriente Médio estão prestes a entrar para o conselho da maior petroleira da Rússia. Eles se sentirão em casa.

Os atuais diretores da Rosneft, que bombeia mais petróleo do que qualquer outra empresa de capital aberto, já estão bem versados nas intrigas políticas e em práticas comerciais inescrupulosas. Estão entre eles veteranos das gigantes BP e Exxon Mobil, figuras da Guerra Fria, como o ex-agente do Stasi da Alemanha Oriental Mattias Warnig, e Igor Sechin, aliado de longa data do presidente russo, Vladimir Putin.

Na quinta-feira, se unirão ao conselho o CEO da Glencore, Ivan Glasenberg, que construiu a maior trader de commodities do mundo, e Faisal Alsuwaidi, que comandou a transformação do Catar em um gigante global de gás antes de assumir o cargo atual de presidente de pesquisa e desenvolvimento da Qatar Foundation, uma organização sem fins lucrativos.

A mesa de conferência da Rosneft tem uma mistura interessante:

Igor Sechin

O homem mais poderoso da indústria do petróleo da Rússia iniciou sua carreira como tradutor do exército soviético em Moçambique e Angola, pontos nevrálgicos da Guerra Fria. Mais tarde, trabalhou sob o comando de Putin no gabinete da prefeitura de São Petersburgo e posteriormente o acompanhou até o Kremlin, onde se tornou vice-chefe de gabinete e depois vice-primeiro ministro. Com apoio estatal, Sechin transformou a Rosneft em uma gigante do setor de energia adquirindo o grosso dos ativos da Yukos, empresa que o governo expropriou do magnata preso Mikhail Khodorkovsky, depois comprando a joint venture russa da BP em 2013 e a Bashneft, no ano passado.

Alexander Novak

Ministro de Energia desde 2012, Novak representou a Rússia nas negociações que conduziram ao histórico acordo fechado no ano passado para a redução da produção de petróleo em conjunto com a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Matthias Warnig

Warnig trabalhou até 1989 como agente do Stasi, o serviço estatal de segurança da Alemanha Oriental comunista, no mesmo período em que Putin serviu como oficial da KGB no país. Ex-chefe do Dresdner Bank na Rússia, ele mantém relações com o presidente russo desde 1991, pelo menos, quando tentava abrir um escritório de representação do banco em São Petersburgo.

Robert Dudley

O CEO da BP tem muita experiência com as dificuldades do negócio do petróleo. Ele administrou a joint venture TNK-BP até 2008, quando foi forçado a deixar a Rússia em meio a uma disputa com os sócios bilionários soviéticos da companhia. Após um curto período à frente das operações americanas da BP, em 2010 ele foi recrutado para dirigir toda a empresa em um momento em que o derramamento de petróleo da plataforma Deepwater Horizon se transformou em uma crise existencial. Depois de acalmar a situação no Golfo do México, seu retorno à Rússia, em 2011, gerou novos conflitos, porque os sócios da TNK-BP tentaram impedir um acordo de exploração no Ártico com a Rosneft de Sechin.

Andrey Akimov

O CEO do Gazprombank, terceiro maior banco da Rússia, ficou conhecido nos últimos meses da União Soviética, em 1991, quando fez parte de um grupo enviado aos EUA em busca de investimentos pelo líder do país, Mikhail Gorbachev.

O resto do grupo é formado pelo presidente do conselho, Andrey Belousov, economista de carreira do governo, Oleg Vyugin, ex-chefe do serviço de mercados financeiros da Rússia, Guillermo Quintero, ex-chefe da unidade brasileira da BP, e Donald Humphreys, que foi diretor financeiro da Exxon até 2013.