Depois dos SUVs, 'SACs' rendem altos lucros para Mercedes e BMW

(Bloomberg) -- Em quatro dias atrás do volante, o novo Mercedes GLC300 Coupe estimula uma reação comum: "Esse carro é sexy; o que é isso?"

O comentário veio de um autodeclarado fã de carros, do lado de fora de uma loja de pesca na região norte de Nova York, mas escutei variações de todos os tipos de pessoas. Em postos de gasolina, nos semáforos e até mesmo naquela parte do Brooklyn de construções marrons, ao arriscar estacionar em fila dupla, os pedestres curiosos invariavelmente ficavam boquiabertos com aquele estranho e pequeno Benz. Eu dirigi carros esportivos de mais de US$ 100.000 de fibra de carbono que chamaram menos a atenção.

Mas qual é a resposta? O que é essa máquina? É uma aula magna de atratividade. Uma cura para a fadiga dos SUVs. O último lançamento de um estranho gênero de automóveis que faz pouco sentido, mas gera muito, muito dinheiro.

O GLC Coupe se une ao GLE Coupe maior da Mercedes e aos BMWs X4 e X6 em uma classe crescente de veículos que têm a altura e o peso de um SUV, mas a forma de um cupê esportivo. A dirigibilidade não é tão boa quanto a de seus irmãos baixinhos e eles não podem transportar tanta carga quanto seus gêmeos maiores. Essas máquinas são o equivalente veicular de Tim Tebow -- não são particularmente bons em nada, mas são atléticos.

"[Os compradores se sentem] realmente atraídos pelo veículo, com base no estilo exterior e na imagem do carro", disse Keith Edwards, gerente de produto da Mercedes para a linha GLC. "O sentido de ter um cupê, afinal de contas, é exibi-lo."

A Bayerische Motoren Werke chama esses robôs exploradores alemães de "cupês para atividades esportivas" -- SACs na sigla em inglês, se você gosta delas. Trata-se de um SUV com um pouco menos de U. A BMW criou o segmento dentro de outro em 2009, quando cortou a traseira de seu X5 e lançou o X6. Em 2014, continuou com o X4, a versão cupê de seu SUV X3 menor. A Mercedes-Benz, da Daimler, entrou no páreo no ano seguinte com seu GLE Coupe e lançou o GLC Coupe, menor e mais barato, em janeiro.

O novo GLC Coupe vai de 0 a 100 km/h em 6,4 segundos, ou seja, não é nem um milésimo mais rápido que o SUV GLC padrão. Ao mesmo tempo, oferece 13 por cento menos espaço e tem um preço de tabela inicial 10 por cento maior.

Mas esse é o segredo da indústria automobilística, claramente ilustrado pelos chamados SAC: consumidores de carros não são tão racionais. Claro, eles sabem o que deveriam comprar, mas os melhores planos baseados em profundas pesquisas na internet são rapidamente deixados de lado por aquilo que os atrai na concessionária. É o espírito animal manifestado em cavalos de potência. O que mais explicaria os milhões de orgulhosos proprietários da F-150 que nunca precisam transportar nada, muito menos algo de até 2.200 quilos? Ou as legiões de pessoas presas nos congestionamentos de casa ao trabalho em máquinas que vão de 0 a 100 km/h em três segundos? Apesar de todos os algoritmos de direção autônoma presentes no painel, a compra de um carro ainda é uma transação emocional.

Título em inglês: Move Over SUVs, 'SACs' Are Making Big Money For Mercedes and BMW