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Baby boomers não vendem e dominam mercado imobiliário dos EUA

Prashant Gopal

08/08/2017 11h13

(Bloomberg) -- Jake Yanoviak está procurando uma casa. Em uma tarde de um dia de semana na zona norte de Filadélfia, o pintor de 23 anos se locomove com sua bicicleta preta, coberta de adesivos de cervejarias e bandas de rock. Ele entra em uma rua lateral, onde vê alguns vizinhos idosos na porta de suas casas. Ele estaciona, apoia um braço no guidom e faz seu discurso.

"Tem alguém no quarteirão que esteja pensando em vender?", pergunta Yanoviak educadamente. "Não sou desenvolvedor nem estou interessado em alugar para estudantes. Sou apenas um jovem tentando comprar uma casa para reformar e morar."

"Não sairemos daqui", responde uma mulher de uns 70 anos que relaxava de pantufas de pelúcia na casa geminada onde morou o dobro do tempo de vida de Yanoviak. "Todas essas casas são ocupadas."

Como grande parte de sua geração, Yanoviak está desesperado para conseguir uma mercadoria cada vez mais escassa: um bom imóvel no mercado americano. Os jovens estão se sentindo excluídos porque a atividade de construção desacelerou e os baby boomers que vivem mais tempo não estão se mudando, o que cria um conflito latente entre as duas maiores gerações da história dos EUA.

Para ter sucesso, compradores e corretores imobiliários precisam ser excepcionalmente persistentes e, às vezes, diplomáticos. Yanoviak tentou leilões judiciais, perdeu duas guerras de lances, percorreu quilômetros em ruas esburacadas e deixou cartas nas caixas de correio, tudo em vão.

Pessoas com 55 anos ou mais detêm 53 por cento das casas ocupadas pelos proprietários dos EUA, a maior participação desde que o governo começou a coletar dados em 1900, de acordo com o site imobiliário Trulia. Essa proporção era de 43 por cento há uma década. Aqueles entre 18 a 34 anos possuem apenas 11 por cento. A proporção de baby boomers que tinham casas a essa idade era quase duas vezes maior.

A política pública contribui para o impasse geracional. Isenções de imposto de propriedade para residentes de longa data evitam que os mais velhos se mudem. Regras de zoneamento dificultam a construção de apartamentos acessíveis e atraentes para idosos.

"O sistema está travado", disse Dowell Myers, professor de planejamento urbano e demografia da Universidade do Sul da Califórnia. "Os idosos não estão trocando de casa tão rápido quanto antigamente, então poucas casas já existentes entram no mercado. Para sair, eles precisam ter aonde ir."

Couves e tomates

Em Omaha, Nebraska, Bill e Peg Swanson, um casal com mais de 60 anos, dizem que poderiam se mudar caso encontrassem casas unifamiliares acessíveis voltadas para idosos nas redondezas. Ainda assim, como muitos de sua geração, eles gostam da ideia de envelhecer onde estão, cuidando do jardim de pimentas verdes, couves e tomates.

"Temos muitos motivos para ficar aqui", diz Bill Swanson. "Ainda gostamos de relaxar no quintal."

Esse tipo de pensamento acaba prejudicando os jovens compradores de casas, como Yanoviak. Depois de se formar em estudos de mídia no Carleton College, em Minnesota, ele mora na zona oeste da Filadélfia com os pais. Ele trabalha com carpintaria e ajuda a pintar cenários cinematográficos. Ele procura casas de até US$ 200.000 e poderia alugar quartos para amigos.

Para entrar em contato com o repórter: Prashant Gopal em Boston, pgopal2@bloomberg.net.

Para entrar em contato com a editoria responsável: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net.

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