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CEO da Disney vê um futuro sem Netflix, Comcast e DirecTV

Christopher Palmeri, Anousha Sakoui e Gerry Smith

09/08/2017 11h59

(Bloomberg) -- Bob Iger, CEO da Walt Disney, está prestes a se livrar das amarras da TV a cabo.

A Disney, a maior empresa de entretenimento do mundo, apresentou na terça-feira planos de vender alguns de seus principais conteúdos diretamente aos consumidores pela internet a partir do próximo ano. A empresa oferecerá transmissões esportivas ao vivo e filmes de animação, inclusive "Toy Story 4", evitando parceiros como a Netflix e provedores de TV por assinatura, como Comcast e DirecTV.

"Se você analisar os negócios da Disney, com exceção dos parques temáticos, praticamente todos chegam aos consumidores através de terceiros, de grandes varejistas a proprietários de salas de cinema", disse o CEO da Disney em entrevista à Bloomberg TV. "Esta é uma oportunidade de chegar diretamente ao consumidor."

A necessidade de uma ação da Disney foi enfatizada pelos resultados financeiros da empresa no terceiro trimestre, que também foram anunciados na terça-feira. As vendas e os lucros caíram devido à fraqueza na grande divisão de TV a cabo da empresa, especialmente na ESPN, onde os assinantes e as vendas de anúncios diminuíram. Mesmo assim, a decisão de Iger chocou os investidores, e as ações da Disney e da Netflix caíram no final do pregão.

Os planos da Disney incluem um novo serviço on-line da ESPN no próximo ano, que transmitiria mais de 10.000 eventos esportivos ao vivo, incluindo jogos da liga profissional de beisebol e partidas de hóquei, futebol e tênis, pelo que Iger chamou de uma tarifa mensal "razoável". Em 2019, a empresa lançará um serviço de vídeo da Disney, com filmes com atores de carne e osso, programas de TV do Disney Channel e filmes da Pixar.

No processo, a empresa com sede em Burbank, Califórnia, afirmou que encerrará o acordo de oferecer seus novos filmes na internet através da Netflix, pioneira no streaming de vídeo. O acordo será interrompido em 2019. Os consumidores, disse Iger, estão se movimentando rapidamente na internet e a Disney precisa se movimentar com eles.

As ações da Disney caíram 3,5 por cento, para US$ 103,28, no início das negociações nos EUA. A Netflix, que está perdendo um fornecedor fundamental, caiu 3,6 por cento, para US$ 171,90.

Iger, 66, já demonstrou anteriormente que tem disposição para fazer apostas grandes. Para reanimar a unidade cinematográfica da empresa, ele gastou US$ 15,2 bilhões durante quase dez anos comprando uma série de ideias de filmes: a Pixar Animation, o elenco de super-heróis cômicos da Marvel Entertainment e a franquia "Star Wars", da Lucasfilm.

Maior negócio

Agora, ele está se concentrando no maior negócio da Disney, a televisão, onde os usuários que cancelam ou reduzem os pacotes da TV a cabo estão colocando em risco duas fontes cruciais de receita: a publicidade e as tarifas dos assinantes.

No terceiro trimestre, encerrado em 1º de julho, a Disney registrou uma rara queda em vendas e lucros. Os ganhos nas redes de TV da empresa despencaram 22 por cento devido aos custos mais elevados com a programação esportiva e também por causa da queda do número de assinantes e das vendas fracas de anúncios em seu principal canal, ESPN. Embora o lucro de US$ 1,58 por ação tenha superado as estimativas dos analistas, as receitas diminuíram ligeiramente e ficaram abaixo das projeções.

(Atualizações com negociação antecipada no sétimo parágrafo, comentário de Moody's no dia 19.)