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Mercado aguarda ansioso relatório sobre safra de milho nos EUA

Jeff Wilson

09/08/2017 14h52

(Bloomberg) -- De Dakota do Norte a Ohio, as fazendas dos EUA primeiro sofreram com excesso de chuvas durante o plantio. Agora, o tempo quente e seco intensifica a estiagem em um momento em que as lavouras iniciam o período crítico de crescimento. O mercado terá ideia melhor do tamanho do estrago quando o Departamento de Agricultura (USDA) divulgar nesta quinta-feira o relatório de Oferta e Demanda Agrícola Mundial (conhecido pela sigla WASD), apresentando as primeiras previsões para milho e soja da temporada, com base em pesquisas em campo. Listamos abaixo o que esperar:

1. De olho no milho

O verão no Hemisfério Norte tem sido rigoroso para o milho, que é o principal produto agrícola dos EUA. O mês de julho foi o nono mais quente desde 1895 e choveu menos do que o normal. O clima desfavorável baixou exatamente na época de polinização, quando é determinado o número de grãos viáveis em cada espiga. A produtividade das plantações de milho diminui há cinco semanas consecutivas desde o fim de junho e atingiu o menor patamar desde 2012.

Analistas esperam que o USDA reduza a previsão de produção neste ano para 13,807 bilhões de bushels, de acordo com a estimativa mediana da pesquisa da Bloomberg. No mês passado, a estimativa era 14,255 bilhões. A safra de 2016 bateu recorde: 15,148 bilhões de bushels.

2. Estoques em queda

A safra menor nos EUA significa que, antes do início da colheita em 2018, os estoques vão diminuir para 1,94 bilhão de bushels, segundo as estimativas dos analistas, o que significaria 18 por cento a menos que um ano antes.

Com a redução dos estoques nos EUA, safras também menores na América do Sul, África do Sul, China e México resultarão em estoques menores globalmente. Os analistas calculam que a reserva vai encolher 15 por cento antes da colheita de 2018, no que seria a maior queda em 13 anos.

"A oferta está diminuindo a ponto de a escassez em diversas regiões gerar preços mais elevados para o milho", disse Dale Durchholz, analista sênior de mercado da AgriVisor, em Bloomington, Illinois.

3. Menos trigo

A seca na enorme área que engloba as Grandes Planícies também prejudicou as plantações de trigo, especialmente a variedade de primavera que cresce mais ao norte. Analistas calculam a produção de trigo de primavera em 390 milhões de bushels, enquanto o USDA estimava 423 milhões em julho. A produção total do grão deve ficar em 1,717 bilhões de bushels, uma vez que o plantio foi o mais modesto desde 1919.

4. Demanda por soja

A expectativa é que o USDA reduza a estimativa para a produção doméstica de soja de 4,26 bilhões de bushels no mês passado para 4,203 bilhões. A oferta menor pode diminuir os estoques porque a demanda tem sido mais forte que o esperado neste ano devido à aceleração da produção de carne suína, bovina, frango e leite. A oleaginosa é processada em ração animal e óleo de cozinha.

"Ninguém projetava o crescimento da demanda nos últimos cinco anos", disse Bill Nelson, economista sênior da Doane Advisory Services, em St. Louis. "O relatório deste mês vai começar a responder à pergunta sobre a oferta e então passaremos a observar se ocorre qualquer desaceleração na demanda chinesa."