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É difícil encontrar um bom quarto de hotel em Copenhague

Matt Gross

10/08/2017 15h24

(Bloomberg) -- De todas as estruturas estranhas que foram transformadas em hotéis -- prisões, cavernas, silos de grãos, grandes blocos de gelo -- o novo Krane, com apenas um quarto, em Copenhague, é uma das mais incomuns. Ele foi construído em um antigo guindaste de carvão às margens do Nordhavnen, um antigo porto industrial que fica a nordeste do centro da cidade e está passando por um enorme projeto de reutilização adaptativa.

O Krane é ao mesmo tempo esquisito e espetacular, com uma sala de reuniões com paredes de vidro, um spa no segundo andar e um quarto, a mais de 15 metros de altura, em estilo minimalista preto -- todo de madeira e aço, pedra e couro. Por cerca de US$ 2.900 por noite você fica com tudo, e também com um BMW i3 elétrico e algumas bicicletas.

O que talvez seja o mais surpreendente no Krane, porém, não é sua estrutura (Amsterdã também tem um hotel baseado em um guindaste), mas o fato de que não existam muitos outros hotéis sofisticados e extravagantes como ele em Copenhague. Ou seja, apesar da fama da capital dinamarquesa como líder em design, arquitetura e principalmente culinária -- as partículas elementares da hospitalidade -- o panorama hoteleiro ficou para trás. Não é que os hotéis de Copenhague sejam ruins, mas eles não chegam à altura e nem inspiram o entusiasmo de um restaurante como o Noma.

"Existe um número muito pequeno de hotéis de luxo que custam o mesmo que o Ritz, mas que parecem uma interpretação dinamarquesa do que seria um grande hotel europeu, o que inevitavelmente não é autêntico e é caro demais", disse Michael Molesky, fundador da Marker, um aplicativo de recomendações de viagem, que mora em São Francisco e calcula que visita Copenhague quatro ou cinco vezes por ano.

A cidade tem um famoso hotel cinco estrelas, o Hotel d'Angleterre, onde uma suíte júnior custa US$ 1.180 por noite. Localizado no centro, no Kongens Nytorv, o elegante estabelecimento de 250 anos foi reaberto em 2013 após uma reforma de US$ 20 milhões e continua sendo o lugar preferido dos chefes de Estado e das estrelas de rock, como U2 e Radiohead. Mas, e as outras pessoas?

Parece que a maioria dos visitantes recorre ao Airbnb. Cerca de 20.000 pessoas oferecem hospedagem em Copenhague e receberam 450.000 hóspedes entre abril de 2016 e abril de 2017. A cidade está no top 10 mundial de listagens ativas no Airbnb.

Os motivos dessa ausência são em grande parte logísticos. Molesky vem pensando em abrir sua própria pousada em Copenhague e encontrou complicações inerentes a qualquer cidade europeia pequena, antiga e altamente regulamentada.

"Há muitos requisitos de segurança e proteção contra incêndio para registrar um hotel oficialmente, o que pode exigir reformas caras no caso de um edifício já existente", disse ele. Tetos baixos, poucos banheiros e detalhes históricos protegidos podem tornar as reformas excessivamente caras ou até mesmo impossíveis, disse ele. "E, como você pode imaginar, praticamente não há nenhum lugar novo em construção no centro da cidade."

"Então, em teoria, a cidade quer estimular e permitir novos albergues e hotéis em certas áreas centrais", acrescentou, "mas, na prática, não existem muitos lugares viáveis".

Para entrar em contato com o repórter: Chris Rovzar em N York, crovzar@bloomberg.net.

Para entrar em contato com a editoria responsável: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net.

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