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Elétricos baratos invadem Madri e desafiam carros convencionais

Thomas Gualtieri

11/08/2017 12h13

(Bloomberg) -- Em Madri, o futuro da indústria automotiva começa a tomar forma, e ele é limpo, barato e compartilhado, refletindo os desafios iminentes para o carro convencional.

Mais de 100.000 clientes adotaram o Emov, um novo serviço de carros elétricos, em apenas cinco meses. A empresa está eliminando a diferença em relação ao Car2Go, da Daimler, que ostenta 166.000 assinantes para sua frota de 500 carros Smart movidos a bateria na capital espanhola.

A Emov, uma joint venture entre a fabricante de automóveis francesa PSA Group e a parceira espanhola Eysa, aluga os modelos elétricos Citroën C-Zero por minuto para tentar atrair consumidores como Juan Manuel Díaz-Pinés. O desenvolvedor de marketing de 32 anos usa serviços como Car2Go e Emov para alugar um carro apenas pelos 10 minutos que precisa para chegar aos jogos do Real Madrid.

"Eu tento alugar um carro toda vez que vou ao estádio", disse Díaz-Pinés.

A adoção de veículos elétricos por Madri é incentivada pelo poder legislativo da cidade, que os autoriza a circular em zonas restritas e a estacionar praticamente em qualquer lugar gratuitamente, reduzindo assim os custos operacionais e os preços. Os usuários do Car2Go na cidade pagam 21 centavos de euro por minuto, contra 24 centavos em Berlim, 29 centavos em Stuttgart e 31 centavos em Amsterdã. Isso pode explicar por que os veículos do Car2Go em Madri são alugados até 15 vezes por dia em média, taxa mais alta entre as 26 cidades que compõem a rede da empresa.

"A cidade atualmente é uma espécie de referência para o nosso desenvolvimento comercial futuro", disse Thomas Beermann, CEO do serviço Car2Go da Daimler na Europa, em entrevista por telefone. "Em nenhum outro lugar há tantas pessoas tendo uma experiência positiva com um veículo elétrico."

Para fabricantes de automóveis como a Daimler, empresa controladora da Mercedes-Benz, e a PSA, fabricante da Peugeot, o negócio gera transações de poucos euros, e não de dezenas de milhares. E com 250.000 consumidores atendidos por pouco mais de 1.000 veículos em Madri, quanto mais bem-sucedido o serviço, menor pode ser a demanda por carros particulares.

Deixar espaço

Ainda assim, isso é melhor do que deixar o espaço aberto para operadoras de carona compartilhada como a Uber Technologies, a Waymo, da Alphabet, e a chinesa Didi Chuxing. A Renault e a operadora de infraestrutura espanhola Ferrovial também estão negociando a criação de uma terceira operadora de carros elétricos em Madri, disse Thierry Koskas, diretor de vendas e marketing da Renault, em Paris, em 17 de julho.

"Alguns proprietários de automóveis venderão seus veículos e alguns potenciais compradores de automóveis adiarão a aquisição de veículos à medida que a disponibilidade dos serviços de mobilidade compartilhada crescer", diz o Electric Vehicle Outlook 2017, uma projeção elaborada pela Bloomberg New Energy Finance. Os motoristas que dirigem em média em torno de 8.000 quilômetros por ano ou menos "têm a maior probabilidade de vender seus veículos ou adiar as decisões de compra à medida que os serviços de mobilidade compartilhada se tornarem disponíveis em suas cidades", afirma o relatório. Em todo o mundo, os clientes desse tipo de serviço chegarão a 16 milhões em 2017 e subirão para 44 milhões em 2025, segundo dados da Frost & Sullivan.

Enquanto isso, Díaz-Pinés começa a planejar suas viagens com carros elétricos alugados para ver os jogos do Real Madrid no estádio Santiago Bernabéu quando começar a nova temporada do futebol. "A desvantagem é que está ficando cada vez mais difícil encontrar um carro depois do jogo", disse ele. "As pessoas começam a procurá-los já no intervalo."