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Sem 'JPMorgan do bitcoin', bolsas conseguem poucas transações

Matthew Leising e Brian Louis

11/08/2017 14h26

(Bloomberg) -- O bitcoin precisa de Josh Brown "Downtown" mais do que ele precisa do bitcoin. Brown, CEO da Ritholtz Wealth Management e autor de um blog financeiro popular, há tempos mostra ceticismo em relação à moeda digital. Ele finalmente acabou comprando um pouco, disse, "porque essa coisa maldita não vai desaparecer".

Ainda assim, Brown, que ajuda a administrar meio bilhão de dólares, ainda não é um convertido, especialmente no que diz respeito às medidas de segurança das bolsas de bitcoins. Ele pesquisou sobre várias delas antes de comprar seus bitcoins com a Coinbase e não se impressionou, disse em entrevista. "Não acho que exista algum serviço mais seguro que o outro. É muito cedo para declarar qualquer uma delas como o JPMorgan do bitcoin. Não acho que exista."

Essas preocupações são o maior obstáculo ao crescimento do mercado de moedas criptografadas como o bitcoin ou o ether, a segunda maior moeda. Embora os investidores sejam atraídos por seus ganhos de preços e pela volatilidade, as maiores instituições relutam em entrar, o que gera mais preocupações em relação à liquidez. O desafio para casas de câmbio como a Coinbase e a Gemini Trust está persuadindo grandes atores financeiros de que o mercado de US$ 121 bilhões para ativos digitais cumpre os padrões do século 21.

Os perigos são evidentes. Em 21 de junho, o ether caiu de US$ 317,81 para US$ 0,10 nas negociações na Coinbase. O motivo foi uma única negociação de US$ 12,5 milhões -- uma das maiores já realizadas -- que desencadeou mais vendas. Tudo aconteceu em apenas 45 milissegundos e depois desse período os algoritmos de computador começaram a comprar, o que elevou os preços novamente para US$ 300 em 10 segundos. Algumas casas de câmbio de moedas digitais entraram em colapso e os recursos de alguns clientes desapareceram. Tudo isso assusta e afasta os mesmos investidores que essas casas de câmbio precisam para ter sucesso.

A Cumberland Mining, uma unidade da empresa de negociação de alta frequência DRW Holdings, com sede em Chicago, administra vários pedidos grandes de forma privada "porque as casas de câmbio e outros mercados não conseguem gerenciar esse tipo de liquidez ou não possuem esse tipo de liquidez", afirmou Bobby Cho, trader de moedas criptografadas da Cumberland. "O mercado é tão fragmentado que a liquidez é fragmentada."

No coração do comércio de bitcoin está o blockchain, uma espécie de livro-razão distribuído que também é promovido, em bom som e com frequência, como a cura para os mercados que aceleraria as compensações, eliminaria atrasos onerosos por operações contestadas e reduziria os custos de capital para os bancos. Mas o oba-oba às vezes supera a realidade.

Quando Brown comprou seu bitcoin ele não sabia que a compra não era garantida pelo blockchain, e sim realizada apenas internamente na Coinbase. Isso gera uma pressão extra sobre os mercados para manter a segurança contra hackers e ladrões. Depois que Brown escreveu sobre a compra de bitcoin em seu blog, "as pessoas começaram a gritar para mim que 'Coinbase não é para armazenamento!'", disse ele. Em resposta, um amigo o ajudou a montar uma carteira para manter seus bitcoins que é garantida pelo blockchain.

"É como o Velho Oeste, isto ainda é muito incipiente", disse Richard Johnson, analista de estrutura de mercado da Greenwich Associates especialista em blockchain. Johnson concordou que o tempo necessário e a complexidade da transferência das moedas digitais de uma casa de câmbio para outra "não são aceitáveis" considerando a forma em que os investidores modernos operam, e que embora a Gemini, a GDAX da Coinbase e outras casas de câmbio dos EUA possuam procedimentos sólidos de verificação do cliente, é preciso fazer mais. "Se as pessoas quiserem tornar isso sério para ter transações bancárias reais é preciso que seja melhor e mais fácil de usar."