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MoviePass: vá ao cinema quantas vezes quiser por US$ 10 ao mês

Isabel Gottlieb

15/08/2017 12h14

(Bloomberg) -- Em um momento em que os cinemas enfrentam vendas mornas, Mitch Lowe tem uma proposta extrema para conseguir levar mais pessoas às salas: deixar que elas assistam a todas as sessões que quiserem pelo preço de um único ingresso por mês.

Lowe, um executivo dos primórdios da Netflix que agora administra uma startup chamada MoviePass, planeja reduzir nesta terça-feira para US$ 9,95 o preço da assinatura mensal de ingressos de cinema oferecida por sua empresa. Por este valor, os clientes poderão assistir a uma sessão por dia em qualquer cinema dos EUA que aceite cartão de débito. A MoviePass pagará aos cinemas o preço total de cada ingresso usado pelos assinantes, exceto para salas 3D ou Imax.

A MoviePass poderia perder muito dinheiro bancando o vício cinematográfico das pessoas. Por isso, a empresa também arrecadou recursos nesta terça-feira ao vender uma participação maioritária para a Helios and Matheson Analytics, uma pequena empresa de dados de capital aberto em Nova York. As empresas não quiseram fazer comentários sobre as condições do financiamento, mas informaram que a MoviePass pretende abrir o capital até março.

Ted Farnsworth, CEO da Helios and Matheson, disse que o objetivo é reunir uma grande base de clientes e coletar dados sobre comportamentos dos espectadores. Essas informações poderiam então ser usadas para direcionar propagandas ou outros materiais de marketing para os assinantes. "Não é diferente do Facebook ou do Google", disse Farnsworth. "Quanto mais entendemos nossos fãs, mais poderemos direcioná-los."

As operadoras de cinemas sem dúvida darão as boas-vindas a qualquer iniciativa para aumentar as vendas. As quatro principais operadoras de cinemas dos EUA, lideradas pela AMC Entertainment Holdings, perderam US$ 1,3 bilhão em valor de mercado no início deste mês após um verão boreal decepcionante. O número de ingressos vendidos nos EUA e no Canadá no ano passado diminuiu ligeiramente, e a receita de bilheteria subiu apenas 2 por cento, graças a ingressos mais caros, de acordo com a Motion Picture Association of America, um grupo do setor. O custo de um ingresso nos EUA quase dobrou nas últimas duas décadas, de acordo com o site Box Office Mojo. O preço médio é de cerca de US$ 8,89 neste ano, embora possa ser muito maior em algumas cidades.

A MoviePass foi fundada em 2011, originalmente com um modelo comercial semelhante ao de uma academia de ginástica. A empresa esperava lucrar com os assinantes que pagavam US$ 30 ou mais por mês, mas não usavam o serviço com frequência suficiente para justificar o custo. Lowe, que atuava nos negócios de vídeo doméstico e ajudou a Netflix a deslanchar, além de ter sido presidente da operadora de aluguel de quiosques Redbox, foi nomeado CEO no ano passado. A empresa privada não quis divulgar números de assinantes nem informações financeiras. Lowe disse que o modelo de negócios à base de dados ainda está "a anos de distância".

Com a nova estratégia, a MoviePass espera resolver o que Lowe vê como o principal responsável pelo declínio do setor de cinemas. Segundo ele, o alto preço dos ingressos, não a concorrência da Netflix ou do serviço Prime Video da Amazon.com, é grande parte do que afasta o público. "Na verdade, as pessoas querem ir [ao cinema] com mais frequência", disse Lowe. "Elas simplesmente não gostam da transação"

Para entrar em contato com o repórter: Isabel Gottlieb em New York, mmlian@bloomberg.net.

Para entrar em contato com a editoria responsável: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net.

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