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Duke sai do caixa ao mais alto cargo do setor financeiro dos EUA

Laura J. Keller

16/08/2017 12h51

(Bloomberg) -- Em meados da década de 1970, Betsy Duke trabalhava em um restaurante com espetáculo em Virginia Beach. Com dificuldade para pagar as contas, ela se candidatou a um emprego em uma tinturaria. Foi rejeitada. Passou então a trabalhar como caixa de meio expediente.

Na terça-feira, o Wells Fargo a nomeou como a primeira mulher a dirigir um dos maiores bancos dos EUA. Ela se tornará presidente do conselho da instituição no começo do ano que vem, coroando uma das ascensões mais impressionantes ? de um homem ou de uma mulher ? até os mais altos escalões da indústria financeira. Sua carreira já incluía um período como governadora do Federal Reserve, o banco central dos EUA, nos primórdios da crise financeira de 2008. Desta vez, ela vai dirigir uma equipe administrativa que enfrenta um escândalo atrás do outro.

"Entrar no meio de uma crise não é uma novidade para mim", disse ela, em uma entrevista por telefone na terça-feira. Como os executivos já estão elaborando um plano para reorganizar o banco, "meu trabalho será estabelecer a comunicação entre o conselho e a administração, e garantir que nossa supervisão seja o mais forte possível", disse ela.

Duke, de 65 anos, substituirá Stephen Sanger como parte de uma ampla reforma do conselho, de onde ele e outros dois diretores estão saindo após escândalos ocorridos durante sua gestão. Sanger, membro do conselho desde 2003, tornou-se presidente da instituição há menos de um ano, quando John Stumpf abandonou tanto este cargo quanto o de CEO. Na época, os legisladores estavam atacando o banco por abrir milhões de contas sem a permissão dos clientes.

'Verdadeira credibilidade'

No mês passado, as exigências de maiores mudanças na diretoria se intensificaram porque mais escândalos eclodiram nas operações do banco de empréstimos para a compra de automóveis. De qualquer modo, era improvável que Sanger continuasse no comando por muito mais tempo. Ele fará 72 anos antes da próxima assembleia anual, e o banco exige que os diretores se aposentem à essa idade.

Embora Duke tenha raízes profundas no setor bancário, ela também entende a perspectiva dos órgãos de controle dos EUA, porque foi governadora do Fed durante cinco anos.

"Ela transmite uma verdadeira credibilidade não só para os investidores e seus colegas membros do conselho, mas também para os órgãos reguladores", disse Mary Jo White, ex-chefe da Comissão de Valores Mobiliários, em uma entrevista. White, agora sócio da firma de advocacia Debevoise & Plimpton, supervisionou a autoavaliação anual do conselho.

Duke não fazia parte do conselho quando ocorreu grande parte das irregularidades, mas integrava a diretoria do banco, criticada por demorar para admitir os problemas e reagir diante da gravidade do escândalo. O conselho acabou reduzindo o salário dos executivos e promoveu o então diretor de operações, Tim Sloan, para o cargo de CEO. Ele prometeu diversas vezes restaurar a confiança.
Duke elogiou o trabalho dele até o momento.

Para entrar em contato com o repórter: Laura J. Keller em N York, lkeller22@bloomberg.net.

Para entrar em contato com a editoria responsável: Daniela Milanese, dmilanese@bloomberg.net.

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