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Navios inteligentes com GNL dão mais lucro em rotas mais longas

Anna Shiryaevskaya

17/08/2017 15h15

(Bloomberg) -- Quando o navio-tanque Provalys saiu da Louisiana, nos EUA, rumo ao Chile no mês passado com uma carga de gás natural liquefeito americano, ele contornou a América do Sul em vez de pegar um atalho pelo Canal de Panamá expandido. A rota não só fica mais barata sem as taxas de passagem pelo canal, mas também porque os avanços tecnológicos significam que menos combustível é perdido no mar durante a viagem.

O gás é congelado e transformado em líquido para o transporte em longas distâncias sem gasodutos, possibilitando que as reservas americanas excedentes sejam enviadas para regiões de alta demanda como a Ásia. O problema é que uma parte do GNL se evapora durante a viagem. Mas uma nova geração de navios está reduzindo essas perdas, dando aos traders mais flexibilidade para escolherem uma rota mais longa em busca de preços mais altos.

O gás natural, que era uma commodity regional, agora está se tornando global. À medida que novos terminais de exportação de GNL apareceram em vários países, dos EUA à Austrália, surgiu um excesso e os navios-tanque estão virando mais do que apenas um meio de transporte. Eles possibilitam armazenar combustível até a demanda aumentar ou até aparecer uma janela de oportunidade de entrega programada. Os mercados de petróleo operam assim há décadas, mas isso é uma novidade para o gás, que historicamente é dominado por contratos de longo prazo para destinos específicos.

"Os navios são usados mais como veículos de comercialização", disse Paul Wogan, CEO da GasLog, proprietária de navios. "Mas à medida que aparecem navios mais novos, eles podem ser usados quase como navios de armazenamento" porque o isolamento melhorado mantém o GNL em estado líquido por mais tempo, disse ele.

Rotas

Rotas mais longas permitem que os exportadores dos EUA obtenham mais lucros vendendo para a Ásia e o Oriente Médio, disse Eric Bensaude, diretor administrativo da unidade de marketing da Cheniere Energy em Londres. Como os navios modernos têm menos perda por evaporação, a maioria deles navega a "velocidade econômica", disse ele por e-mail.

O Provalys deve chegar ao terminal de Mejillones, no Chile, no dia 25 de agosto, fazendo a viagem via Cabo Horn, de acordo com dados de rastreamento de navios da Bloomberg. Tomando uma rota alternativa através do Canal de Panamá expandido a chegada seria cerca de duas semanas antes e teria necessitado do pagamento de pedágio e da garantia de um slot.

"Os pedágios do Canal do Panamá são muito caros em relação às atuais tarifas de frete do mercado, aos preços de GNL e aos preços dos combustíveis", disse Emilie Menard, porta-voz da Engie, proprietária da Provalys. "Às vezes é melhor fazer a viagem pela distância mais longa."

O navio foi entregue em 2006 e era um dos mais eficientes do tipo na época.

--Com a colaboração de Rob Verdonck