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Mercados asiáticos minimizam tensão com Coreia do Norte

Narae Kim, Heejin Kim e Yumi Teso

29/08/2017 15h33

(Bloomberg) -- Embora o novo míssil de Pyongyang que sobrevoou o Japão tenha sacudido os mercados asiáticos em um primeiro momento, os investidores não parecem ter pressa em interferir nos preços.

O índice acionário Kospi fechou com uma queda de apenas 0,2 por cento, revertendo um prejuízo anterior de 1,6 por cento porque investidores individuais compraram ações. O won perdeu 0,6 por cento por dólar, após chegar a registrar uma queda de 0,8 por cento ao meio-dia.

"Nós levamos isso muito a sério, mas não podemos fazer muita coisa a respeito", disse Mark Mobius, presidente executivo da Templeton Emerging Markets Group, em entrevista de Hong Kong. "A grande pergunta é a reação dos japoneses, dos americanos e dos sul-coreanos -- isso é o que nós analisamos."

O míssil aterrissou no Oceano Pacífico a cerca de 1.200 quilômetros a leste da ilha de Hokkaido, no norte do Japão, disse Yoshihide Suga, secretário-chefe do Gabinete do Japão, aos jornalistas. O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, ordenou uma exibição de força em resposta e quatro caças F-15K realizaram exercícios de bombardeio.

Jim Rogers, presidente da Rogers Holdings, também estima que a pergunta mais importante é como Donald Trump reagirá ao que o primeiro-ministro Shinzo Abe descreveu como "uma ameaça grave e sem precedentes".

"Eu estou preocupado com Donald Trump, com o que ele poderia fazer", disse Rogers em entrevista por telefone. "Eu não vou comprar nada. Não vou fazer absolutamente nada. Não vejo isto como um acontecimento muito importante."

Vizinhos tranquilos

Apesar da proximidade, os investidores japoneses e sul-coreanos se mantêm relativamente tranquilos e dizem que ainda não estão planejando vender suas participações nos mercados sul-coreanos só por causa do que aconteceu nesta terça-feira.

A maioria dos investidores tem minimizado o risco da Coreia do Norte até agora, o que fez com que o Kospi aumentasse 17 por cento e o won se fortalecesse 7,2 por cento, apresentando o melhor desempenho após o baht tailandês entre as moedas emergentes da Ásia. A Coreia do Norte e a Coreia do Sul estão enfrentadas há décadas e nunca assinaram um tratado de paz que terminasse formalmente a guerra de princípios da década de 1950.

"Sem dúvida haverá volatilidade a curto prazo, como acontece no caso da ocasional retórica hostil dos governos dos EUA e da Coreia do Norte", disse Arthur Lau, codiretor de renda fixa para mercados emergentes e diretor de renda fixa para a Ásia exceto o Japão na PineBridge Investments. "Eu acho que ainda não é o momento de passar a estar decisivamente overweight, mas acredito que acumularíamos ativos lentamente."

Quanto a Mobius, ele diz que não vê "muita diferença" entre a situação atual na península da Coreia e acontecimentos anteriores. "A vida vai continuar e os negócios também. Não há uma mudança real."

--Com a colaboração de Jaehyun Eom e Adrian Leung