Topo

Cautela por sanções dificulta negociação de títulos da Venezuela

Ben Bartenstein e Christine Jenkins

31/08/2017 12h25

(Bloomberg) -- As sanções impostas pelos EUA à Venezuela na semana passada colocam limites à emissão de novas dívidas pelo país. Mas a medida do Departamento do Tesouro norte-americano está gerando consequências mais abrangentes no mercado de títulos, no qual as corretoras, ao assumirem uma postura cautelosa, estão limitando as operações das notas existentes.

A Depository Trust Company, empresa que realiza custódia de mais de US$ 35 trilhões em títulos, bloqueou temporariamente os serviços de negociação de títulos venezuelanos e alguns negociantes também deixaram de comprar e vender a dívida. Enquanto isso, os preços caíram para perto do menor patamar em um ano e as agências de classificação de risco estão afundando a nota de crédito ainda mais no território junk. A nota CC da Fitch Ratings para a Venezuela é a pior do mundo entre os países que não estão em situação de calote.

"Para muitas corretoras que normalmente não lidam com esse tipo de título, simplesmente não vale o risco", disse Ronald Meltzer, advogado sênior do escritório WilmerHale, com sede em Boston, focado em questões de cumprimento e fiscalização ligadas a sanções econômicas.

As sanções geraram confusão ao imporem uma proibição geral à negociação de títulos venezuelanos, mas ao mesmo tempo criaram exceções que autorizam transações de quase todas as notas existentes no país, deixando os investidores nervosos com a possibilidade de, inadvertidamente, desrespeitarem as regras. O governo venezuelano e sua petroleira estatal possuem cerca de US$ 67 bilhões em dívida em circulação e as notas estão entre os títulos mais negociados dos mercados emergentes.

A DTC emitiu aviso na terça-feira de que havia suspendido todos os serviços, com exceção de custódia, para 35 títulos venezuelanos. Na quarta-feira, a empresa informou aos investidores a reabilitação do serviço para 29 deles. Um porta-voz externo da empresa preferiu não comentar o assunto.

A Cantor Fitzgerald e suas afiliadas, GFI Group e BGC Partners, interromperam a negociação de todos os títulos venezuelanos, segundo quatro pessoas com conhecimento do assunto.

Escritórios de advocacia publicaram alertas aos clientes a respeito das várias implicações das sanções. A Cleary Gottlieb ressaltou que a Venezuela aparentemente não conseguiria vender seus próprios títulos do Tesouro. A Latham & Watkins afirmou que os cidadãos dos EUA devem ter cautela ao realizar negócios com o governo venezuelano, pontuando que alguns membros do governo aparecem em listas negras dos EUA.

O presidente Nicolás Maduro afirmou na semana passada que os detentores de títulos da Venezuela com base nos EUA serão os mais prejudicados pelas sanções impostas pelo governo Trump.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Cautela por sanções dificulta negociação de títulos da Venezuela - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Economia